Abre Aspas

por Eduardo Scola

Em sua despedida do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro, exaltou a Operação Lava Jato, e relembrou sua passagem de um ano e três meses pela pasta, em Brasília.

Manifestação Sergio Moro

Visivelmente abatido, Moro, disse que teve apoio do presidente Jair Bolsonaro em diversos projetos, mas desde o meio do ano passado passou a receber investidas do líder do executivo para a troca do comando da Polícia Federal.

O agora ex-ministro foi enfático ao afirmar. “O problema não é quem colocar, mas porque trocar? Presidente disse que queria alguém do contato pessoal dele, que pudesse ligar, obter informações. Não é o papel da Polícia Federal, prestar esse tipo de informação. Esse último ato [exoneração sem minha assinatura], é um sinal que o presidente não me quer no cargo.”

Não é o papel da Polícia Federal, prestar esse tipo de informação.

Sérgio Moro voltou ao final de 2018 quando foi convidado para o cargo. Revelou a única exigência que teria feito ao então presidente eleito. “Pedi apenas que se algo me acontecesse, minha família não ficasse desamparada, porque perdi meus 22 anos de contribuição ao deixar o cargo de juiz federal”, afirmou.

Pedi que se algo me acontecesse, minha família não ficasse desamparada.

Depois de quase quarenta minutos de entrevista, o paranaense de Maringá, projetou o futuro. “Vou começar a empacotar minhas coisas e encaminhar minha carta de demissão. Eu abandonei esses 22 anos de magistratura, um caminho sem volta. Quando assumi sabia dos riscos. Vou descansar um pouco, mais adiante procurar um emprego. Não fiquei rico, nem como juiz, nem como ministro”, finalizou.

Vou descansar um pouco, mais adiante procurar um emprego.

Com a saída de mais um ministro popular do governo, resta saber agora qual a estratégia do Palácio do Planalto para contornar mais essa crise institucional. Qual seu palpite?

EFEITOS DA DEMISSÃO

O deputado federal, Aliel Machado (PSB-PR), protocolou assim que acabou a coletiva do agora ex-ministro, um requerimento pedindo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as declarações de Sergio Moro. O foco dessa investigacão seriam as tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na autonomia da Polícia Federal.

“A fala do ex-ministro é gravíssima, porque se comprovada, demonstra crime de responsabilidade por parte do Presidente da República, e também existência de crime comum”, justificou o deputado.

24 abr 2020, às 00h00. Atualizado em: 4 jun 2020 às 15h15.
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