Saiba como adubar sua horta e ajudar na redução do lixo orgânico

Quem assiste televisão com frequência já teve ser notado os novos comerciais da Prefeitura de Curitiba sobre reciclagem do lixo. A campanha publicitária tem o objetivo de incentivar os moradores a reciclar melhor os materiais que podem ser reaproveitados e diminuir a produção de lixo orgânico na cidade.  Todas as peças publicitárias têm o terapeuta Dr.Sigmundo como protagonista.

“Bastam atitudes simples, que não exigem custos extras, mas apenas uma mudança de hábito que deve partir de cada cidadão”, explica o secretário municipal do Meio Ambiente, Renato Lima. Uma das sugestões da secretaria é a transformação do lixo orgânico em adubo. O processo de compostagem, que é simples e pode ser feito em casa, beneficia o próprio morador, a cidade e o meio ambiente, pois diminui drasticamente a quantidade de lixo enviado aos aterros.

A sugestão é que se aproveite ao máximo as sobras de alimentos, como talos, cascas, sementes, raízes e folhas para o preparo de receitas. Mas as sobras inadequadas ao consumo, como cascas de ovos, frutas estragadas e borra de café, podem ir para a compostagem, gerando uma poderosa fonte de nutrientes para jardins, hortas, vasos e floreiras. Outros resíduos, como erva de chimarrão, restos de cortes e palha, também podem se transformar em composto orgânico.

A guarda municipal Eleni Rubert já usa a técnica de compostagem em sistema de enterro há bastante tempo e é um exemplo de consciência ambiental. “Na minha casa, tudo o que é sobra de comida vai para a horta. O único lixo que vai pra coleta comum é o lixo dos banheiros e as coisas que causam mal cheiro quando apodrecem, como sobras de carne”, conta ela. Eleni diz que recicla inclusive as sobras de óleo de cozinha. “Tenho uma receita de sabão que herdei da minha mãe. Junto todas as sobras numa garrafa pet, e alguns vizinhos também trazem o óleo usado pra mim. Quando tenho a quantidade suficiente, faço o sabão. Dá bastante, então eu distribuo para meus filhos e vizinhos”, afirma.

Edson Rivelino, chefe da Unidade de Agricultura Urbana da Secretaria Municipal do Abastecimento, diz que não há segredo para fazer o adubo. “É muito fácil e totalmente possível fazer a compostagem doméstica, mesmo para quem mora em apartamento ou numa casa sem quintal”, afirma. Neste caso, o processo deve utilizar caixas, vasos, potes ou garrafas pets e a prioridade são os resíduos como folhas e ervas.

“Há muita gente em Curitiba praticando a agricultura urbana, o que inclui a compostagem”, informa Rivelino. Ele explica que a Prefeitura de Curitiba incentiva, orienta, fornece insumos e acompanha hortas urbanas, sejam elas comunitárias, caseiras ou institucionais. “Atualmente, há cerca de 1,3 mil espalhadas pela cidade sob nosso acompanhamento e orientação e, em cerca de 70% delas, se pratica a compostagem”, diz.

Para os interessados em começar, a Secretaria Municipal do Abastecimento informa que há três maneiras de realizar o processo: colocando os resíduos em pilhas, enterrados ou em recipientes, indicado para quem não tem um espaço ao ar livre (veja orientações mais detalhadas abaixo).

O especialista lembra que deve se evitar as gorduras animais, pois são de difícil decomposição, como também restos de carne e alimentos com sal, por atrair insetos e exalar mau cheiro. “Materiais como revistas e jornais também devem ser evitados na compostagem, pois têm decomposição mais lenta. Os mesmos podem ser encaminhados para reciclagem”.

Orientações

Compostagem em sistema de pilhas

• O material orgânico deve ser amontoado até formar uma pilha de aproximadamente 2 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 1 metro de altura, alternando camadas de 20 centímetros de materiais secos com materiais mais ricos em nitrogênio (folhas, restos de cozinha).

• Pilhas com dimensões mais reduzidas não promovem faixas de temperatura ideais para que o processo de decomposição ocorra de forma adequada.

• Ao montar as camadas vá molhando cada uma delas, mas sem encharcar.

• Para enriquecer o composto você pode utilizar, entre as camadas, materiais como: cinza (pouca quantidade), terra fértil, fosfato de rocha, calcário, finamente polvilhados.

• Proteja a pilha com palha e revire-a a cada 15 dias, começando na segunda semana.

• O composto ficará pronto para uso após um período de 90 a 120 dias.

Compostagem em sistema de enterro

• Deve ser aberto um buraco no chão, em local sombreado, onde os resíduos orgânicos serão depositados diariamente. A dimensão e a quantidade de buracos vão depender da quantidade de material orgânico disponível e da área de plantio. Recomenda-se, para hortas e jardins no quintal, a abertura de dois ou mais buracos, podendo-se utilizar medidas aproximadas de 1 metro de comprimento, 0,50 metro de largura e 0,50 metro de profundidade.

• É importante cobrir cada camada de material orgânico com uma fina porção de solo ou de palha para evitar o sol direto e para não atrair animais.

• Pode-se misturar esterco, pois acelera a fermentação e enriquece o adubo.

• O adubo orgânico somente deve ser utilizado na horta e vasos quando este estiver totalmente curtido, após um prazo de 90 a 120 dias.

Compostagem em recipientes (indicada para apartamentos e casas sem quintal)

• Quando não há disponibilidade de espaço ao ar livre para formação de pilha ou enterro dos resíduos, os mesmos podem ser dispostos em recipientes, para a fabricação do composto orgânico.

• De preferência, reaproveite baldes de plástico velho, caixas de madeira, galões de água, caixas d’água quebradas ou potes de sorvete.

• Basta depositar o resíduo orgânico no local, tendo sempre a preocupação de manter o recipiente tampado, para evitar insetos e mau cheiro.

• Faça furos no fundo do recipiente para a saída do chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição).

• Se o recipiente estiver sobre uma superfície impermeável, coloque uma vasilha (bacia rasa) no fundo para recolher o chorume.

• Faça furos no fundo do recipiente para a saída do chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição).

• O líquido pode voltar à mistura do composto ou ser diluído e aplicado nas plantas (um copo de chorume para nove litros d’água).

21 abr 2014, às 00h00.
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