Enquanto o número de casos do novo coronavírus disparava nos Estados Unidos e profissionais de saúde se queixavam da escassez de suprimentos criticamente necessários, o presidente Donald Trump declarava, nesta quinta-feira (19), que seu governo havia “acabado com a burocracia” a fim de expandir o teste de possíveis tratamentos. Mas enviou sinais contraditórios sobre a possibilidade de medidas para compelir o setor privado a fabricar equipamentos médicos.

Com o desenvolvimento de uma vacina prática contra o coronavírus a pelo menos um ano de distância, Trump, cercado na Casa Branca pelas principais autoridades de saúde do governo federal, declarou que o governo vinha trabalhando pela rápida expansão dos testes de diversas terapias de combate ao vírus que as autoridades esperam venham a se provar efetivas.

Nos EUA, por sua vez, os casos passaram de 5.000 para mais de 10.000 em apenas dois dias. Já há o registro de 163 mortes em decorrência do vírus, que atingem todos os 50 estados americanos.

“Instruí a FDA a eliminar regras obsoletas e burocracia para que esse trabalho possa prosseguir rapidamente, velozmente, e quero dizer muito rápido”, disse Trump, entusiasticamente, acrescentando que diversos medicamentos tinham o potencial de “virar o jogo”, antes de acrescentar uma nota de cautela: “Ou talvez não”.

Mas quais remédios?

O presidente Donald Trump, pressionou a FDA – entidade responsável por controlar os alimentos e remédios no país – a liberar medicamentos com potencial de tratamento contra o novo coronavírus. Trump alegou que, assim, poderia se chegar a um avanço no tratamento enquanto a vacina contra a doença ainda está sendo desenvolvida. “Precisamos remover qualquer barreira.”

Trump mencionou dois medicamentos. O Remdesivir, que é um remédio antiviral ainda em experimento pela Gilead Sciences Inc’s, e a hydroxychloroquina, um genérico contra a malária.

O estoque de hydroxychloroquina, porém, está em baixa, de acordo com farmácias independentes e a ASHP (Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde, em tradução livre). A sociedade, que mantém uma lista independente de remédios em falta, pretende incluir a hydroxychloroquina ainda nesta quinta, afirmou Erin Fox, diretora-sênior de informação sobre medicamentos da Universidade de Utah e responsável pela elaboração da lista.

Melhor ter calma

Stephen Hahn, o comissário da FDA, a agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, buscou moderar delicadamente parte do otimismo de Trump, declarando que embora seja importante que os médicos tragam esperanças, era igualmente importante que eles “não criem falsas esperanças”.

Precisamos garantir que o mar de novos tratamentos leve o remédio certo ao paciente certo no momento certo”, disse Hahn, mencionando a importância de estabelecer a segurança e eficácia de possíveis tratamentos. “Como exemplo, talvez tenhamos o remédio certo, mas ainda não seja possível estabelecer a dosagem certa de imediato, e isso pode causar mais mal do que bem.”

Alerta!

Pelo menos por enquanto, não existe tratamento medicamentoso comprovado para o  novo coronavírus. Médicos de todo o mundo vêm testando desesperadamente uma série de vacinas, na esperança de encontrar alguma coisa que ajude os pacientes, especialmente aqueles que estiverem severamente doentes.

20 mar 2020, às 00h00.
Mostrar próximo post
Carregando