por Redação RIC.com.br
com reportagem de Thaís Travençoli da RIC Record TV, Curitiba

Inúmeras famílias de baixa renda estão em situação de extrema dificuldade desde que a circulação de pessoas precisou ser contida no país. Com sua maioria composta por trabalhadores autônomos, sem poder trabalhar e receber, também não há o que comer nas residências mais carentes. (Assista reportagem abaixo)

Essa é a situação da diarista Ivone e da catadora de recicláveis Adriana, ambas moradoras de Curitiba. As duas lutam para alimentar filhos, netos e elas próprias. Com a chegada do fim do mês, o problema ficou ainda maior, já que agora também venceram as contas de luz, água, aluguel, entre outras. 

Adriana, que tem quatro filhos, explica que os mais velhos até entendem a situação, mas os menores não conseguem compreender: 

“Eles não entendem, não sabem. Eles falam ‘Mãe, eu quero bolacha, eu quero leite. É desesperador. O que vai ser de nós? Eu não sei. Só por Deus. Tem eu, tem muitas pessoas que estão precisando. Nós não temos para onde correr”, desabafa. 

Ajuda

A coordenadora de um barracão de recicláveis, localizado no bairro Boqueirão, vendo a situação de conhecidos e amigos, resolveu não ficar esperando algo acontecer e está reunindo, junto com colegas e com o Instituto Lixo e Cidadania, doações de alimentos e produtos de higiene. Lia conta que o barracão está fechado, mas como é funcionária irá receber o seu salário, ao contrário de quem precisa vender os materiais recicláveis todos os dias. 

“Eu fui carrinheira de rua desde os meus 10 anos de idade. Hoje faz 5 anos que eu não cato mais. Estou dentro de um barracão da prefeitura, mas como eu já vivia a situação, eu sei que para os meus companheiros de rua, é muito mais preocupante. Eu sei que está ruim para todo mundo, mas tem gente que não tem nem o que comer”, ressalta. 

Lia também pontua que a fome é pior para as crianças, justamente porque elas não conseguem entender o motivo de não ter o que comer. 

“Ontem eu estava me lembrando que aos 10 anos de idade eu passei muita necessidade. Minha mãe saía para trabalhar eu realmente não tinha o que comer, tanto que eu tive que pegar um carrinho e ir para as ruas. Quando a gente ganhava dos vizinhos, eu ia comendo aos poucos de medo de acabar, porque eu sabia que no outro dia não ia ter. A dor da fome, o adulto ainda releva, mas e as crianças? Então, hoje é minha vez de poder fazer alguma coisa”, declara. 

Onde doar 

Doações podem ser levadas diretamente no barracão que fica na Rua Salvador Ferrante, 256, ou na sede do Instituto Lixo e Cidadania, na rua Voluntários da Pátria, 233, no centro da capital. 

Dúvidas também podem ser esclarecidas pelos telefones 41. 98417-2489 e 41. 3275-2583. 

Assista à reportagem completa:

1 abr 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 14h50.
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