por Caroline Maltaca
com informações da Agência Brasil e supervisão da editora Giselle Ulbrich

Os resultados da pesquisa que avaliou 178 mil pacientes da covid-19 no Brasil foram divulgados nesta segunda-feira (17) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e revelaram que homens e idosos são as principais vítimas de casos graves e mortes ocasionados pela doença.

De acordo com o estudo realizado, foi observado que pacientes idosos do sexo masculino têm valores laboratoriais significativamente anormais, incluindo marcadores inflamatórios mais elevados, em comparação a de mulheres idosas.

Também foi constatado que biomarcadores de inflamação, como a proteína C reativa e ferritina, eram mais altos especialmente em homens mais velhos, enquanto outros marcadores, como testes de função hepática anormais, eram comuns em várias faixas etárias, exceto para mulheres jovens.

Como o vírus age

Segundo os autores do estudo, por ser uma infecção multissistêmica, os pacientes que desenvolvem a forma grave da covid-19 passam por um processo chamado tempestade de citocinas, que é um indicativo de descontrole da inflamação. Isso acontece quando o corpo perde a capacidade de parar esse processo que combateria a doença, desencadeando problemas gravíssimos.

Uma hipótese levantada pelo estudo é de que pacientes mais idosos e do sexo masculino têm tendência a ter um descontrole maior da inflamação por conta dessa tempestade de citocinas.

Homens e mulheres apresentaram alterações no sistema de coagulação e níveis mais elevados de neutrófilos, proteína C reativa, lactato desidrogenase, entre outros. Estas alterações foram substancialmente afetadas com o aumento da idade, e o impacto da idade se mostrou mais relevante em homens do que em mulheres.

Um grande marco para a ciência

Liderada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Helder Nakaya, e com a participação do pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, essa pesquisa foi capaz de estabelecer um perfil laboratorial dos pacientes, com a contagem completa de células sanguíneas, eletrólitos, metabólitos, gases no sangue arterial, enzimas, hormônios, biomarcadores de câncer, dentre outros dados jamais coletados antes.

De acordo com os pesquisadores, embora já soubessem que esses dois grupos eram mais suscetíveis ao novo coronavírus, é a primeira vez que essas constatações são apresentadas de maneira sistematizada, com análise de parâmetros laboratoriais de amostras de uma grande quantidade de pessoas em uma única pesquisa.

Os resultados do estudo estão descritos em artigo publicado no International Journal of Infectious Diseases.

17 maio 2021, às 19h13.
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