Cigarros eletrônicos com maconha entravam pelo PR e influenciadoras são presas

por Carol Nery
Com informações da Agência Brasil e R7 Brasília
Publicado em 24 abr 2024, às 17h29. Atualizado às 18h26.

Uma operação para desarticular uma organização criminosa especializada na importação e distribuição de cigarros eletrônicos carregados com extratos de maconha em forma de óleo levou sete pessoas presas preventivamente, nesta quarta-feira (24). Realizaram a ação policiais civis do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.

Entre os presos, estão três influenciadoras digitais de Brasília/DF. Outras duas pessoas apontadas como líderes do suposto esquema seguem foragidas. A polícia batizou a ação de Operação Refil Verde. A coordenação foi da Polícia Civil do Distrito Federal, no âmbito da Operação Narke, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Os suspeitos operavam um sofisticado esquema de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, com ramificações em diferentes unidades federativas, segundo o delegado Rogério Rezende, da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) do Distrito Federal. Ainda de acordo com o delegado, as investigações começaram há cerca de um ano, depois que os Correios comunicaram à Polícia Civil do Distrito Federal que funcionários da empresa tinham retido uma encomenda suspeita.

No decorrer da apuração, os investigadores reuniram provas de que os nove suspeitos compravam uma grande quantidade de óleo de cannabis de empresas dos Estados Unidos. Além disso, os suspeitos enviavam o produto a endereços no Paraguai. Ele seguia misturado em potes de cera para depilação.

Origem dos cigarros eletrônicos

Os cigarros eletrônicos com maconha do Paraguai entravam no Brasil pela região oeste do Paraná. “Do Paraguai, o produto era trazido para o Brasil via Foz do Iguaçu (PR)”, afirmou Rezende a jornalistas. O óleo de maconha era então envasado em frascos comprados da China, identificados com uma logomarca do produto e revendido para o restante do país. Segundo Rezende, em apenas um mês, o grupo chegou a movimentar cerca de R$ 2 milhões com o esquema.

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O suposto esquema contava ainda com um profissional encarregado de criar e administrar os sites na internet e perfis em redes sociais que o grupo usava para vender o óleo de cannabis e os cigarros eletrônicos para consumo da substância. Nesta quarta-feira, a Anvisa proibiu a fabricação, importação, comercialização e distribuição de cigarros eletrônicos.

“Em dado momento, o rapaz da tecnologia pediu para deixar de ser remunerado como mero ajudante, para receber como membro da organização. Porque ele viu o quanto de dinheiro isso estava rendendo e que ele era o responsável por organizar o braço tecnológico”, comentou Rezende. Além disso, o rapaz foi detido no Rio de Janeiro, revelou o delegado. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a prisão ocorreu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ).

Ainda segundo os investigadores, os suspeitos abriam contas bancárias fraudulentas em nomes de terceiros, burlando tecnologias de reconhecimento facial. Também criavam empresas fantasmas e usavam documentos falsos para tentar impedir que as autoridades públicas identificassem a existência de um “complexo sistema de lavagem de dinheiro proveniente do mercado ilícito das drogas”.

Que são as três influenciadoras presas

O grupo também contava com a visibilidade de influenciadores digitais de diferentes regiões, contratados para “divulgar os produtos”, expandido as vendas para todo o país. Três influenciadoras brasilienses, com milhares de seguidores nas redes sociais, estão entre os sete presos preventivos na manhã desta quarta.

Conforme reportagem do R7 Brasília, são elas: Elisa de Araújo Marden, Letícia Susane Correia e Rhaynara Didoff. Elas usavam as redes sociais para documentar uma vida de festas, belas paisagens e, conforme a publicação, divulgar o uso de produtos à base de maconha, segundo relato da polícia.

“Estas influenciadoras eram responsáveis por fazer a propaganda do entorpecente. [Em vídeos, elas] fumavam, falavam sobre o barato que ele dava e o vendiam. Ainda não sabemos se elas eram remuneradas por percentual de venda ou se havia um pagamento mensal”, acrescentou Rezende, destacando que os investigados também podem responder por crimes contra a saúde pública.

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“Ao adquirir este tipo de produto, a pessoa, além de estar consumindo o THC [tetrahidrocarbinol], está ingerindo outros produtos químicos. Imagina o mal que isso faz para a pessoa. Por isso temos que reprimir este tipo de modalidade criminosa. Porque, além da questão criminal, é também uma questão de saúde pública muito séria”, finalizou Rezende. A autoridades policiais pedirão que todos os sites, perfis em redes sociais e publicações associadas à oferta do óleo sejam retirados do ar, diz ele.

O THC, junto com o canabidiol (CBD), é um dos compostos da Cannabis sativa, estudado tanto por suas propriedades psicoativas, bem como por seu potencial terapêutico.

Quem são as influenciadoras presas?

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