Empresas com cara: como humanizar o marketing?
Humanizar o marketing é um caminho sem volta. Não é de hoje que as marcas criam mascotes para representa-las. Na falta de um porta-voz, o mascote se comunica com os clientes. Porém, nos últimos tempos os mascotes tem ficado cada vez mais com ‘cara de gente’ e grandes varejistas nos mostram isso todos os dias.
Esta semana, a Renner lançou a influenciadora Rennata, uma personagem criada para humanizar mais a marca e gerar contato com o público através das ações de marketing e redes sociais. Uma das pioneiras deste movimento foi a Magazine Luiza com a Magalu, um personagem influencer nas redes sociais, que dá as caras, é o mais próximo possível de um ser humano (e não de um boneco), mostra sua rotina, e interage com os seguidores. Em lives feitas pela marca, ela chegou, inclusive, a dançar ‘pisadinha’, prova de que sim, o brasileiro tem um marketing entre os mais criativos do mundo.
Em 2018, o Bradesco criou a Bia, um nome de gente mas que representa também a sigla para “Bradesco Inteligência Artificial”, uma assistente virtual do banco.
Em meio a pandemia, visando evitar aglomerações nas sessões de fotos para o ecommerce, a Amaro fez nascer a Mara, uma modelo virtual para estrelar as campanhas e lookbooks da empresa.
Outra ação parecida aconteceu também ano passado, quando o tradicional mascote das Casas Bahia “tomou uma fórmula mágica” e virou um adolescente todo antenado. A internet dividiu opiniões: uns disseram que perdeu a essência que o chapéu nordestino trazia, outros defenderam que era preciso mesmo modernizar. Certo ou errado, essa mudança nos mostrou algumas tendências de mercado como o rebranding, a reconstrução de uma marca e o redesign de uma marca não se limitando apenas a identidade visual, às cores e logotipo, mas a todos os elementos que compõe essa imagem. Toda empresa, por maior e mais tradicional que seja, precisa em algum momento passar por essa reformulação. Outra tendência foi a de conexão com o público: o novo ‘mascote’ teve a missão de trazer um público também mais jovem e conectado para ser cliente da empresa, um público que talvez não se conectaria com a imagem do personagem criada dezenas de anos atrás. Ou seja, o seu público vai mudando e você precisa conhecê-lo pra entender o que faz sentido pra ele ou não.
Esses são só alguns dos cases que nos mostram como a era dos influenciadores digitais chegou dentro das empresas. As empresas começaram a pensar: “se o mundo todo olha para estes influencers, porque não criarmos os nossos próprios influencers para humanizar nossas marcas?”
“Mas Suellen, ter um mascote e um robô como as marcas citadas acima não é algo tão simples e barato, como fazer se eu sou um pequeno negócio?”
É só pensar um pouco. Neste caso, a cara da marca, o porta voz, vai ser VOCÊ, óbvio! Muito mais prático, barato e divertido! É cada vez mais comum vermos os proprietários das empresas aparecendo na internet, mostrando até mesmo sua rotina, se posicionando em assuntos polêmicos, porque o mundo das redes sociais exige essa socialização, pede gente falando com gente.
Aparecer é tão importante porque as pessoas começam a se identificar com você, suas características, suas histórias, seu jeito. As pessoas não compram só seu produto ou serviço. Em grande parte das vezes elas compram porque querem se parecer com você. É o caso de uma profissional de harmonização facial que tem um rosto impecável e inspira outras mulheres a serem bonitas como ela através da internet, de uma lojista de moda que anda sempre estilosa e influência as outras a se vestirem melhor, de uma nutricionista que compartilha sua rotina saudável e desperta o desejo nas pessoas de quererem se cuidar também. Se houver congruência entre o que se fala, vende e faz, os seguidores destes profissionais e empresas vão se identificar a ponto de comprar para sentir a sensação de poder ser um pouco mais bonita, mais estilosa ou saudável como os representantes dos negócios que eles seguem nas redes sociais.
O mercado não tem mais espaço para uma linguagem do tipo “empresariês”, técnica. O mercado pede proximidade, conexão, robôs ou pessoas “gente como a gente”.