A formidável fábrica de calúnias do capitão Bolsonaro

Publicado em 10 jul 2020, às 10h26.

Um ene separa o mito do minto. Pela primeira palavra o presidente Jair Bolsonaro é chamado por seus fanáticos apoiadores. Pela segunda por um enorme contingente de adversários, vítimas e decepcionados com sua gestão negacionista, incompetente e inoperante. Não será exagero atribuir à repartição que funciona a 20 metros do gabinete presidencial no Palácio do Planalto como a mais bem-sucedida repartição de seu governo: o gabinete do ódio.

O departamento mais poderoso da República produz peças de ficção de propaganda que se define como “ideológica”, mas não passa de obscurantismo de mesa de boteco. E extermina reputações dos eleitos da paranoia de que se nutrem o chefe da “famiglia”, Jair Bolsonaro, e os miquinhos abestados no circo de horrores da política de chumbo, pólvora e sangue, os filhotes Flávio, Carlos e Eduardo.

O bombardeio é comandado pelo do meio, Carlos, vereador no Rio, mas aboletado em Brasília desde que, armado, ocupou o banco traseiro do Rolls Royce presidencial no dia da posse do pai. Sua atuação infame e escatológica fez dele alvo em investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso. A essas ações do lerdo, pesado e corrupto Estado brasileiro acaba de juntar-se o perfil social Facebook.

Ameaçado de boicote por gigantes da publicidade mundial, o negócio biliardário de Mark Zuckerberg viu-se forçado a estancar a farra criminosa nos domínios tupiniquins com uma devassa completa e profunda. Dela resultou a remoção de 35 contas, 14 páginas e 1 grupo no próprio Facebook e mais 38 no Instagram.

Isso complica tudo para a “famiglia”. O amigão Dias Toffoli, presidente do STF, não tem como paralisar os inquéritos abertos. Nem mesmo a nova paixão declarada em público do capitão cloroquina, João Octávio Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), terá condições de interromper decisões da “rede de intrigas”, como fez com a prisão do guarda-livros da gangue do peculato, Fabrício Queiroz. Nem Frederick Wassef obrará o milagre de por de molho o que já está posto em fervura. Introibo ad altare Dei. Assim, seja o que Deus quiser. E ódio, como se sabe, é coisa de Satã. Ou será que essa turma não aprendeu que Deus é amor?
*Jornalista, poeta e escritor

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