Como o resultado do Caso Moro no TRE mexe com a política paranaense?
O julgamento do senador paranaense Sergio Moro (União Brasil) no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) foi uma das grandes consequências do chamado “3º turno” das eleições de 2022 – apesar de a batalha para o senado ser disputada em turno único.
Após o resultado nas urnas que consagrou o lavajatismo, assegurando ao ex-juiz Moro a única vaga ao Senado em disputa, e ao ex-procurador Deltan Dallangol (Novo) a posição de deputado federal mais votado do estado, os dois expoentes da “República de Curitiba” que migraram para o mundo político se viram envolvidos em questões judiciais.
Deltan Dallagnol foi unanimimente absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em uma ação que o acusava de ter utilizado de subterfúgios para se esquivar de processos adminstrativos envolvendo suposta improbidade administrativa enquanto era procurador da República. Mas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o resultado foi o exato oposto: cassado por unanimidade.
No caso de Dallagnol, as instâncias superiores entenderam que o suplente do partido Podemos, que foi a sigla pela qual o ex-procurador se elegeu, teria direito à vaga deixada pelo parlamentar. Com isso Luiz Carlos Hauly voltou ao Congresso Nacional.
Moro ocupa cargo majoritário
Moro, por outro lado, foi eleito em uma disputa majoritária. Logo, se for afastado do cargo em conjunto com seus suplentes, uma nova eleição precisa ser convocada, afinal, nenhum estado pode ficar subrepresentado no Senado Federal porque essas cadeiras representam as Unidades Federativas.
Com o avanço das investigações envolvendo as ações movidas pela Federação PT, PV e PC do B e o partido PL na justiça eleitoral paranaense, diversos políticos começaram a se mobilizar para disputar a hipotética vaga caso Moro saia do páreo.
Nomes de peso já se colocaram na disputa, principalmente aqueles que foram eleitos deputados em 2022. Isso porque disputar uma outra vaga não o retira do cargo em exercício. E este cenário interessa a pelo menos dois políticos históricos do Paraná: Gleisi Hoffmann (PT) e Ricardo Barros (Progressistas). Os dois foram eleitos para o Congresso Nacional, mas Barros está licenciado para ocupar a função de secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviço.
Partido Liberal e ex-senador de olho
Além deles, o Partido Liberal também viu com bons olhos a possível saída de Sergio Moro porque Paulo Martins (PL) ficou em 2º lugar em 2022 e tem grande potencial de ser eleito para um eventual mandato-tampão, ficando no cargo até 2030.
Alvaro Dias (Podemos) é mais um que pode querer retornar ao cenário e disputar a cadeira que foi tirada dele pelo então afilhado político.
Mas, com a demora no julgamento no TRE, ficou praticamente inviável que a disputa ocorra em conjunto com as eleições municipais de outubro. Com isso, alguns prefeitos em fim de mandato, como o de Curitiba, Rafael Greca (PSD); de Londrina Marcelo Belinatti (Progressistas); e de Maringá, Ulisses Maias (PSD) podem querer aumejar voos maiores e sem a amarras de precisar renunciar aos cargos que hoje ocupam.
Batalha agora é em Brasília
Logo, a vitória de Moro no TRE é só a vantagem em uma batalha, mas está longe de ser decisiva para a guerra. Em Brasília, além de ter contra si a possibilidade de um relatório do CNJ contaminar o julgamento dos ministros da corte eleitoral, Moro ainda terá que lidar com a pressão política de todos os agentes que desejam a função dele.
O senador paranaense vive o dilema de uma mola. Ele apertou o cerco contra os políticos e a política por muito tempo e agora sente o rebote dessa compressão se esticando contra ele. Em 1988, Fabio Junior criou um hit que representa o sentimento político neste momento contra ele: Caça e Caçador.
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