WASHINGTON (Reuters) – A denunciante do Facebook, Frances Haugen, comparecerá ao Congresso dos Estados Unidos nesta terça-feira, onde deverá criticar duramente seu ex-empregador como “uma das ameaças mais urgentes” que o país enfrenta e exigir transparência sobre seu funcionamento para melhor regulá-lo.
Haugen, uma ex-gerente de produto da equipe de desinformação cívica do Facebook, diz que o gigante da mídia social mantém seus algoritmos e operações em segredo.
“O cerne da questão é que ninguém pode entender as escolhas destrutivas do Facebook melhor do que o Facebook, porque apenas o Facebook pode olhar os bastidores”, disse ela em depoimento escrito preparado para a audiência.
“Um ponto de partida crítico para uma regulamentação eficaz é a transparência”, disse ela em depoimento a ser entregue a uma subcomissão de comércio do Senado.
“Sobre esta base, podemos construir regras e padrões sensatos para lidar com os danos ao consumidor, conteúdo ilegal, proteção de dados, práticas anticompetitivas, sistemas algorítmicos e muito mais.”
Haugen dirá ao painel que os executivos do Facebook costumam escolher os lucros em vez da segurança do usuário.
“A liderança da empresa conhece maneiras de tornar o Facebook e o Instagram mais seguros e não fará as mudanças necessárias porque colocou seus lucros imensos antes das pessoas”, ela dirá. “Não é responsável por ninguém.”
Haugen se apresentou esta semana para revelar que foi ela quem forneceu documentos usados em uma investigação do Wall Street Journal e uma audiência no Senado sobre os danos do Instagram a meninas adolescentes. O Facebook não respondeu a um pedido de comentário.
As reportagens do Journal mostraram que a empresa contribuiu para aumentar a polarização online ao fazer alterações em seu algoritmo de conteúdo; falhou em tomar medidas para reduzir a hesitação da vacina; e estava ciente de que o Instagram prejudicava a saúde mental das adolescentes.
Haugen disse que o Facebook também fez muito pouco para evitar que sua plataforma seja usada por pessoas que planejam violência.
(Reportagem de Diane Bartz)