Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) – A escola de formação de profissionais de tecnologia Trybe anunciou nesta quarta-feira que recebeu investimento de 145 milhões de reais, no momento em que a digitalização catalisada pela pandemia ampliou o déficit de mão de obra no setor no Brasil.
Criada em agosto de 2019 e com sede em Belo Horizonte (MG), a Trybe pôs foco em formar desenvolvedores, uma das classes de profissionais cuja demanda já vinha crescendo rapidamente no país e explodiu com as medidas de isolamento social que impulsionaram serviços digitais que vão de educação, saúde a ecommerce.
Desde então, a escola formou cerca de 3 mil profissionais, vários deles depois contratados por empresas como Localiza, Ford, Méliuz, XP e Accenture.
Segundo o fundador e presidente-executivo da Trybe, Matheus Goyas, com os recursos do aporte a empresa agora poderá desenvolver outros cursos profissionalizantes ligados a tecnologia, como desenvolvimento mobile e cibersegurança.
Startups de vários setores, além de grandes empresas estabelecidas no país, têm buscado cada vez mais desenvolvedores e engenheiros de software, entre outros profissionais de tecnologia, para dar conta de um tráfego de operações digitais.
Segundo números da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), em 2021 até julho foram criados 126,8 mil empregados ligados a tecnologia no Brasil, 114% a mais do que no ano anterior todo.
Ainda assim, a entidade estima que o país forma cerca de 46 mil profissionais de TI por ano, enquanto o mercado demanda 70 mil. Mantida essa tendência, o país chegaria a 2024 com um déficit de cerca de 260 mil desses profissionais. Mas essa estimativa é de 2019. “Com a pandemia, isso está se agravando”, disse Goyas.
Segundo ele, apesar da crescente demanda por profissionais de TI, o interesse por este tipo de formação esbarra em aspectos culturais, já que os cursos de formação como os oferecidos pela Trybe são livres, sem regulamentação do Ministério da Educação.
“Muitos dos nossos alunos são pessoas formadas ou que interromperam cursos superiores em outras áreas”, disse ele.
O curso da plataforma envolve de 1,5 mil a 2 mil horas em curso remoto, mas online, ao longo de 12 meses.
Segundo números do mercado, o salário inicial médio de um desenvolvedor é de 3 mil reais, podendo chegar a 4,8 mil por mês.
A rodada na Trybe é liderada pelos fundos de capital de risco Base Partners e Untitled, com a participação de XP, Global Founders Capital, Endeavor Scale Up Ventures, Verde, Luxor, Hans Tung, managing partner da GGV.
A startup já havia recebido 21 milhões de dólares em duas rodadas anteriores, que incluíram os fundos Atlantico, Canary, Igah, Global Founders Capital, e Maya Capital, além de investidores individuais como Nizan Guanaes e Arminio Fraga.