Na estrada
Nos últimos 15 dias, rodei mais de 8 mil km de carro pela América do Sul, numa viagem em família. Na verdade, ainda estou na estrada, agora no caminho de volta. Uma aventura fantástica, tentando relaxar um pouco da vida atribulada do trabalho. Mas não tem como não pensar em coisas como inovação, tecnologia, planejamento, execução.
Uma viagem assim precisa de um mínimo de planejamento, o que é muito facilitado pela tecnologia. Mapas, hotéis, dicas de passeios e restaurantes, dificuldades, imprevistos, tudo isso você encontra rapidinho pelas redes, antes e durante o trajeto, ainda que em grande parte do caminho nem sempre haja sinal de celular ou internet. Além do planejamento, também é importante disciplina e parceria pra conviver por mais de 100 horas dentro de um carro.
Mas será que seria interessante ter sinal o tempo todo? E o descanso, e as férias, e a dedicação à família? Às vezes, é bom ficar sem sinal. Outra coisa que logo se percebe na estrada é que nem todos estão nela em férias. A rodovia é um dos espaços mais democráticos. Tem gente passeando, trabalhando e gente apenas passando. Para os dois últimos, o ideal é que tenha celular e internet o tempo todo.
Outra questão fundamental na rodovia é segurança. Cada motorista tem seu ritmo, seu destino, seu prazo. Você vê de tudo, o apressadinho, o imprudente, o tranquilo, o devagar demais na pista errada, o gentil, o irritadinho. Segurança é inegociável, seja qual for seu objetivo na estrada. As coisas só vão funcionar bem se todos respeitarem a legislação e a sinalização e, principalmente, usarem o bom senso e a prudência.
Viagem longa, por via terrestre, é uma grande experiência. Dá pra ver muitas coisas diferentes, outras culturas, aprender apenas observando ou conversando sobre algo alheio ao seu cotidiano, e isso também é inovar. Sair da sua rotina, deixar um pouco a zona de conforto, ainda que seja em férias. Experiência de passar por paisagens totalmente novas, as geleiras, os vulcões, os lagos que parecem mar, o vento intenso, os quilômetros de retas intermináveis. Colher uva, ver como se faz um vinho, tentar entender a língua espanhola com suas inúmeras variações pelo nosso continente, observar como seus filhos cresceram e como eles reagem diferente de você diante dessas novidades. Dar-se conta que o networking com a família é uma das coisas mais maravilhosas da vida.
Estou aqui, em algum lugar da América do Sul, tentando não trabalhar, mas refletindo sobre a vida e sobre o trabalho também. Acima de tudo, estou muito feliz com essa experiência, e quis compartilhar um pouquinho com vocês. Até a volta.