Revisitando as tendências 2020
Estamos vivendo tempos diferentes – nos adaptar a trabalhar a distância; entrar no universo digital definitivamente, ser (ainda) mais dependente de conexão e dados – mas será que nossos negócios, empresas e times estão tendo que aprender lições novas durante a crise do Covid19 ? Um dos relatórios mais importantes e influentes do mundo, o do Future Today Institute, todo início de ano aponta os vinte principais tópicos que serão as tendências à frente. O Tech Trends Report já se tornou uma referência para antecipar as ciências emergentes e tendências tecnológicas que influenciarão negócios, governos, educação, mídia, e sociedade a cada ano. O de 2019 havia sido o maior relatório já produzido pelo instituto, com identificação de 315 tendências dentro dos vinte tópicos relacionados.
Um dia, a retrospectiva vai nos mostrar nossos erros e acertos desse período mas, por hora, temos o futuro para vislumbrar. Mais do que a intuição, é preciso identificar riscos e trabalhar em oportunidades emergentes. Por isso, visitar o relatório 2020 e avaliar as 406 tendências emergentes que o fizeram superar a edição anterior, com mais de trinta tópicos vale muito nesse momento.
E uma nova década começou e vimos as previsões que nos levariam ao futuro até o dia em que a terra parou. Parafraseando Raul Seixas vimos o dia em que “o empregado não saiu pro seu trabalho pois sabia que o patrão também não ‘tava lá. Dona de casa não saiu pra comprar pão pois sabia que o padeiro também não ‘tava lá…”
Certamente o Covid19 trouxe um cenário mundial difícil de ser previsto em estudos futuristas. Provocando problemas gravíssimos de saúde, crise econômica (que ainda não sabemos qual dimensão terá) e uma nova relação de consumo. Mas alguns negócios, empresas e times conseguiram se adaptar mais rapidamente à nova realidade que outros. Justamente aqueles que estavam mais próximos do cenário que o relatório nos traz.
Creio que estamos em um ponto de inflexão para tecnologias e tendências que moldarão o mundo de amanhã. Como AI com sistemas que podem ser treinados em horas, em vez de semanas. Disponibilidade generalizada de fundos negociados por algoritmos. Civilização humana fora do planeta. Animais de bioengenharia, proteínas vegetais e fazendas internas movidas a robô. Carros, caminhões, navios e aviões de combate autônomos. Computação quântica. Redes 5G funcionais.
Mas como fazer a conexão entre tecnologias e as incertezas que o futuro nos deixa: Quanto tempo irá durar o isolamento (seja em qual escala for)? Como será a recuperação da economia? O que será dos pequenos negócios e profissionais autônomos no curto prazo? O que sobrará de negócios não digitais? Como se resolverá o conflito de leis antigas com as novas tecnologias?
Em outro aspecto: O que mudará na relação das pessoas com sua saúde física e emocional? A sociedade será mais colaborativa de fato? E o clima? E meio ambiente?
O relatório 2020 colocou esses pontos e um levantamento de 26 cenários futuros – claro que nenhum previa a crise atual – mas curiosamente cita a preocupação real da “proliferação de superbactérias e novas epidemias”.
No lugar de pânico, informação. No lugar de desespero, planejamento. Vale aproveitar o momento e focar nossos esforços em planejar nossos negócios para uma era de inovação tecnológica, mensuração e surgimento de soluções que impulsionarão a humanidade. Agora, mais do que nunca, precisamos usar o potencial das tendências tecnológicas, enxergar os sinais e nos adaptarmos para crescer e sobreviver.
Pensar exponencialmente. Agir de forma incremental. Lembrando sempre que o futuro ainda não está escrito. Não será fácil, mas será o que cada um de nós fizermos dele a partir do hoje.