Alarmadas com variante da Covid, Europa e Ásia reforçam fronteiras
Por Costas Pitas e Stephanie Nebehay
LONDRES/GENEBRA (Reuters) – Autoridades globais reagiram com alarme nesta sexta-feira a uma nova variante do coronavírus detectada na África do Sul, e União Europeia, Reino Unido e Índia estão entre os que anunciam controles de fronteira mais rigorosos enquanto cientistas tentam determinar se a mutação é resistente a vacinas.
O Reino Unido proibiu voos da África do Sul e de países vizinhos e pediu que os viajantes britânicos voltando destes locais entrem em quarentena. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE também pretende deter o tráfego aéreo daquela região.
Cientistas ainda estão estudando a variante identificada nesta semana, mas a notícia derrubou os mercados de ações e o petróleo em meio aos temores do que proibições de viagens fariam às economias já abaladas do sul africano.
A variante tem uma proteína de espigão que é dramaticamente diferente daquela do coronavírus original no qual as vacinas contra Covid-19 se baseiam, disse a Agência de Segurança da Saúde britânica, o que aumenta os receios de como as vacinas atuais, bem-sucedidas contra a mais familiar variante Delta, ser sairão.
“Como os cientistas descrevem, (esta é) a variante mais significativa que encontraram até hoje”, disse o secretário dos Transportes britânico, Grant Shapps, ao canal Sky News.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) deve realizar uma reunião em Genebra às 11h locais. Especialistas debaterão o risco que a variante apresenta e se ela deveria ser designada como uma variante de interesse ou uma variante preocupante, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
Quase 100 sequências da variante já foram relatadas, e uma análise inicial mostra que ela tem “um número grande de mutações” que exigem mais estudo, disse Lindmeier.
Um epidemiologista disse que já pode ser tarde demais para endurecer as restrições de viagem.
“Acho que temos que admitir que muito provavelmente este vírus já está em outros lugares. Então, se fecharmos a porta agora, provavelmente será tarde demais”, disse Ben Cowling, da Universidade de Hong Kong.
A África do Sul conversará com autoridades britânicas para tentar convencê-las a reconsiderar a proibição, disse o Ministério das Relações Exteriores em Pretória.
A variante, batizada de B.1.1.529, também foi encontrada em Botswana e Hong Kong, de acordo com a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido.
(De redações de todo o mundo)