Dalai Lama diz que líderes da China "não entendem variedade de culturas"
Por Antoni Slodkowski e Elaine Lies
TÓQUIO (Reuters) – Líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama criticou os líderes da China nesta quarta-feira, dizendo que eles “não entendem a variedade de culturas” do país e que existe controle demais do grupo étnico majoritário han.
Mas ele também disse que não tem nada contra “os irmãos e as irmãs chinesas” como membros da humanidade e que apoia amplamente as ideias por trás do comunismo e do marxismo.
Hoje com 86 anos, o Dalai Lama participava de uma coletiva de imprensa virtual sediada em Tóquio e respondeu ao ser indagado se a comunidade internacional deveria cogitar boicotar a Olimpíada de Inverno de Pequim por causa da supressão de minorias, incluindo aquelas de Xinjiang, região do oeste chinês.
“Conheço líderes do Partido Comunista desde Mao Tsé-Tung. Suas ideias (são) boas. Mas às vezes eles usam um controle muito extremo, duro”, disse ele da Índia, onde reside, acrescentando que acredita que as coisas mudarão na China com uma nova geração de líderes.
“Quanto ao Tibete e também Xinjiang, temos uma cultura toda nossa, então os líderes do Partido Comunista de mente mais estreita, eles não entendem a variedade de culturas diferentes.”
Observando que a China consiste não somente de han étnicos, mas também de outros grupos diferentes, ele acrescentou: “Na verdade, controle demais do povo han”.
A China assumiu o controle do Tibete depois que soldados entraram na região em 1950, num episódio classificado por Pequim como uma “libertação pacífica”. Desde então, o Tibete se tornou uma das áreas mais restritas e problemáticas do país.
Pequim considera o Dalai Lama, que fugiu para a Índia em 1959 depois de uma rebelião fracassada contra o comando chinês, um separatista perigoso. Ele trabalha há décadas para atrair apoio global para a autonomia linguística e cultural de sua terra natal remota e montanhosa.
Ao ser indagado nesta quarta-feira em um briefing de rotina à imprensa a respeito das relações com o Dalai Lama, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, referiu-se a um “grupo político separatista explícito”.