Presidente do Haiti é assassinado em casa; estado de emergência é declarado
Por Andre Paultre
PORTO PRÍNCIPE (Reuters) – O presidente do Haiti, Jovenel Moise, foi morto a tiros por agressores não identificados em sua residência particular de madrugada, um “ato bárbaro”, disse o governo nesta quarta-feira, o que provoca temores de tumultos crescentes na nação caribenha empobrecida.
O assassinato, que foi repudiado pelos Estados Unidos e por países latino-americanos vizinhos, coincidiu com episódios de violência de gangues em Porto Príncipe nos últimos meses, fomentados por uma crise humanitária cada vez maior e um caos político. A desordem transforma muitos distritos da capital em terras sem lei.
Depois de realizar uma reunião de gabinete, o primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, disse em comentários televisionados que o governo declarou um estado de emergência em meio às dúvidas sobre quem assumirá as rédeas do país.
“Meus compatriotas, permaneçam calmos, porque a situação está sob controle”, disse.
Martine Moise, esposa de 53 anos do presidente, também foi baleada perto da 1h local no lar do casal, situado nas colinas acima de Porto Príncipe, disse Joseph em um comunicado. Ela está recebendo tratamento médico.
“Um grupo de indivíduos não identificados, alguns deles falando espanhol, atacaram a residência particular do presidente da república e feriram fatalmente o chefe de Estado”, disse ele.
Joseph disse que a polícia e o Exército estão no controle da situação de segurança. As ruas da capital normalmente vibrante de 1 milhão de habitantes estavam silenciosas e vazias na manhã desta quarta-feira após o ataque e tiros intermitentes de madrugada.
“Todas as medidas estão sendo adotadas para garantir a continuidade do Estado e para proteger a nação”, disse Joseph.
Mas como o Haiti está politicamente polarizado e enfrentando uma crise de fome progressiva, o medo de um rompimento da ordem está se espalhando. A República Dominicana disse que está fechando a fronteira que compartilha com o Haiti na ilha caribenha de São Domingos.
“Este crime é um ataque contra a ordem democrática do Haiti e da região”, disse o presidente dominicano, Luis Abinader.
Líderes de todo o mundo repudiaram o ataque e pediram calma. Os Estados Unidos o descreveram como um “crime horroroso”, e o presidente da Colômbia, Iván Duque, pediu que a Organização dos Estados Americanos (OEA) envie uma missão ao Haiti para “garantir a ordem democrática”.
Não está claro quem sucederá Moise. Nesta semana, ele indicou um novo premiê que ainda não tomou posse. O chefe do Supremo Tribunal de Justiça – mais um candidato ao posto, de acordo com a Constituição – morreu de Covid-19 no mês passado e ainda não foi substituído.
(Por Andre Paultre em Porto Príncipe; reportagem adicional de Ezequiel Abiu Lopez em Santo Domingo, Susan Heavey e Doina Chiacu em Washington)