Rússia diz ter garantias por escrito sobre acordo nuclear com Irã

Publicado em 15 mar 2022, às 20h33. Atualizado às 21h15.

Por Parisa Hafezi e Humeyra Pamuk e Simon Lewis

DUBAI/WASHINGTON (Reuters) – A Rússia afirmou nesta terça-feira (15) que tem garantias por escrito de que pode realizar seu trabalho como uma das partes do acordo nuclear de potências com o Irã, sugerindo que Moscou pode permitir o avanço da reativação do pacto de 2015.

Os comentários do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pareceram sinalizar que Moscou talvez tenha voltado atrás em sua visão de que as sanções ocidentais impostas à Rússia por sua invasão à Ucrânia seriam um impedimento para salvar o acordo nuclear.

Em 5 de março, Lavrov exigiu de forma inesperada garantias abrangentes de que o comércio da Rússia com o Irã não seria afetado pelas sanções relacionadas à Ucrânia — uma exigência que as potências ocidentais disseram ser inaceitável e Washington tem insistido que não aceitará.

Sob o acordo, formalmente chamado de Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês), o Irã concordou em limitar seu programa nuclear para dificultar o desenvolvimento de uma bomba nuclear –ambição que o país nega ter– em troca de alívio das sanções econômicas globais.

“Nós recebemos garantias por escrito –elas estão incluídas no próprio texto do acordo de reativação do JCPOA, e nesses textos há uma defesa confiável de todos os projetos previstos pelo JCPOA e essas atividades– incluindo a vinculação de nossas empresas e especialistas”, disse Lavrov.

Em uma coletiva de imprensa com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, em Moscou, Lavrov também negou que a Rússia seja um obstáculo para reviver o acordo de 2015.

“Ouvi dizer como os norte-americanos têm tentado todos os dias nos acusar de atrasar o acordo — isso é mentira. O acordo não está finalmente aprovado em várias capitais, e a capital russa –Moscou– não é uma delas.”

(Reportagem de Parisa Hafezi, em Dubai, e Humeyra Pamuk e Simon Lewis, em Washington; Reportagem adicional de Guy Faulconbridge, em Londres, e John Irish, em Paris)