Neurociência: entenda por que na Black Friday você é refém do seu subconsciente

por Caroline Maltaca
com supervisão de Caroline Berticelli
Publicado em 4 nov 2021, às 18h28. Atualizado em: 5 out 2022 às 13h12.

Você já se sentiu “bombardeado” pelas promoções da tão temida e amada Black Friday? Se ainda não, aguarde, pois novembro chegou e a tentação já tem aparecido sorrateiramente na vida dos consumistas de plantão. Apesar de já ter sido alvo de muitas polêmicas, esse evento social ganhou o público, ou melhor, o subconsciente dos clientes há anos. Isso porque, a data “inofensiva” vem acompanhada de muitas estratégias de negócio.

Como explica a doutora em Estratégia de Marketing Shirlei Miranda, de 48 anos, diferente da neurologia, que é uma ciência aplicada apenas por médicos, a neurociência é um conhecimento que pode ser adquirido por todos aqueles que têm como objetivo entender o comportamento dos outros diante de determinados estímulos.

Diante disso, a neurociência se mostra uma ferramenta fundamental tanto para comerciantes, pois através dela é possível criar ações efetivas, capazes de gerar melhores resultados, quanto para os consumidores, que podem ter um controle maior sobre seus impulsos. Esta ciência no mundo dos negócios é capaz de identificar, por exemplo, qual a cor a ser usada em uma campanha capaz de gerar estímulos inconscientes no cliente ou a chamada em um comercial que despertará o desejo de compra.

“Ninguém é obrigado a comprar, mas é verdade que as empresas que têm bons serviços vão usar estratégias para atrai-los. Não para enganar, para atrair mesmo”,

explica a especialista.

Slogan

Shirlei explica que na neurociência existem duas teorias colocadas em prática principalmente na Black Friday: a aversão a perda e a conformidade social. No primeiro caso, o mundo dos negócios se concentra em criar a ideia de que o cliente não pode perder a promoção, pois, por natureza, o ser humano não aceita perder nada.

“O ser humano tem pavor de perder. Se ele tem escolha, ele nunca vai optar por perder. [É exatamente] por isso que as marcas usam slogans como: “até acabar o estoque”. Isso, inconscientemente, nos incomoda”.

Outro comportamento é a conformidade social que se caracteriza pela necessidade do homem se comportar como todos os outros.

“Tem um estudo que colocaram várias pessoas em um elevador de costas para ver a reação de quem entrava nele. A maioria entrou e também se colocou de costas, mesmo sem saber o motivo”.

Diante disso, a especialista explica que quando começamos a ver que amigos, familiares ou “tantas pessoas já compraram determinado produto”, a oferta fica mais atraente.

“É do ser humano, é instintivo”.

Autocontrole

Como explica Shirlei, 85% das nossas decisões são tomadas pelo nosso subconsciente, ou seja, apesar de acharmos que as chamadas das promoções não nos impactam, na realidade, elas podem funcionar como gatilhos. Para evitar esse tipo de comportamento é importante tomar cuidado nas nossas ações e se questionar: “eu realmente preciso disso, ou estou comprando por impulso? Será que está acabando mesmo? Eu não posso comprar mês que vem?”.

“Se ele não esta acompanhando o preço, mas resolveu comprar agora, sugiro procurar em buscadores de preço e ver o histórico para ver [se realmente vale a pena]. Caso não esteja na oferta, como diz estar, você pode denunciar no Procon”,

explica a especialista.