“Se o helicóptero não sair, vamos começar a matar gente”, gritou um dos presos.
Um dos presidiários feitos reféns na rebelião que ocorre nesta segunda-feira (13) na Penitenciária Industrial de Guarapuava pulou do telhado, segundo ele, para fugir da morte. O detento se arrastou até a cerca e contou à reportagem do Guará Notícias que a situação lá dentro estava muito complicada e que muita gente pode morrer. Ele também relatou que os líderes do conflito são de Curitiba e que fazem parte da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
O preso cumpre pena por estupro, mas nega a acusação. “Eu fui preso por causa de um assalto, mas a mulher assaltada disse eu tentei estuprá-la. Isto não é verdade, mas se não tivesse pulado de lá, eu teria morrido. Eles querem matar todos os estupradores. Há um tempo, eu também dei três tiros em um dos líderes da rebelião. Eu estou jurado de morte. Se eu não sair daqui, vão me matar”, gritou o preso.
Wesley Júlio Ferreira, funcionário de uma fábrica de luvas que tem sua sede dentro da penitenciária, contou que os presos vinham planejando a rebelião há algum tempo. Wesley e outros companheiros de serviço foram autorizados pelos presos a saírem do local antes que o motim começasse. “Eles disseram que o movimento não tinha nada a ver conosco. Fomos autorizados a sair de lá sem nenhum transtorno ou violência”, contou.
Mesmo à distância, devido ao isolamento imposto pelas autoridades, era possível ver as agressões praticadas contra os reféns. Não se podia identificar se eram agentes penitenciários ou presos. Um preso ameaçou decapitar um dos reféns com um facão. Houve princípio de tumulto e o helicóptero da Polícia Militar foi chamado.
Ao avistarem a aeronave sobrevoando o local, as ameaças continuaram. “Se o helicóptero não sair, vamos começar a matar gente”, gritou um dos presos. Eles estão armados com várias ferramentas cortantes, como facões, estiletes e navalhas, ferramentas estas usadas para o trabalho nas empresas da prisão.
Um dos agentes está na beirada do telhado com uma faca no pescoço e o rebelado ameaça degolá-lo. Eles exigem um aparelho celular para falar com as autoridades. Até o momento nenhuma autoridade de pronunciou sobre a situação das negociações. “Isto aqui é que é rebelião e não aquela bobagem que fizeram na cadeia outro dia”, gritou um dos líderes, referindo-se ao conflito ocorrido no mês passado na Cadeia Pública de Guarapuava, quando agentes foram feitos reféns e os presos exigiam transferência para outras unidades prisionais.