Advogada que mandou emoji de banana para colega negra vira ré

por Caroline Maltaca
com informações do Correio Brasiliense e supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 24 ago 2021, às 21h33.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) tornou ré a advoga Isabela Bueno de Sousa denunciada por injúria racial. De acordo com as informações levantadas, a mulher teria usado um emoji de banana em uma conversa de WhastApp para responder uma colega de profissão que é negra.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apresentou uma denúncia em nome da vítima alegando que as bananas são historicamente utilizadas como ofensas raciais, já que através do preconceito, muitas pessoas comparam pessoas negras aos primatas macacos.

Durante o processo, a acusada entrou com um pedido que o caso corresse em segredo de justiça a fim de garantir sua integridade física. Entretanto, o juiz responsável pelo caso, Wellington da Silva Medeiros, negou o pedido e afirmou que “eventuais dissabores porventura sofridos pela ré não decorrem diretamente da existência desta ação penal, mas sim do próprio ato, em tese, por ela praticado, o qual foi, antecipadamente, divulgado na imprensa local, inclusive porque envolveu outras pessoas em grupo de aplicativo de comunicação.” 

Entenda a conversa

Prints divulgados pela imprensa mostram que no dia 11 de janeiro, a advogada Thayrane da Silva tinha enviado uma figurinha no grupo e Isabela respondeu com emojis de bananas. Sem entender a reação da colega, a advogada questionou do que se tratava e Isabela disse: “Reserva de pensamento. Pensei alto”

Na sequencia, Thayrane chegou a enviar informações sobre o que é injúria racial e Isabela respondeu: “Banana é a fruta que mais gosto, mas ela representa pessoas sem personalidade. Acho fácil de entender”. Thayrane então fez uma representação criminal na Polícia Civil por injúria racial. 

Posicionamento da OAB do Distrito Federal

No dia 14 de janeiro, a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) emitiu uma nota repudiando à ofensa racista. De acordo o órgão, medidas cabíveis deveriam ser tomadas pela Justiça.

“Não se pode aceitar que quem pratica racismo o faz de forma inconsciente, sobretudo, por ser um comportamento socialmente reprovável, de caráter amplo contra todo o coletivo negro, pois a atribuição da imagem de “macaco” aos negros é praxe histórica dos ataques racistas. Aliás, não se pode mais aceitar que o racismo seja algo corriqueiro em nossa sociedade atual… Racismo não é mal-entendido. Racismo é crime”,

finaliza a nota.