Em recuperação pelo segundo dia, o Ibovespa fechou nesta quarta, 17, no maior nível das últimas cinco sessões, buscando se reaproximar do fechamento de 9 de junho (96.746,55 pontos), o segundo mais alto desde 6 de março (97.996,77 pontos) – no último dia 9, iniciou uma série de quatro perdas, após sequência de sete altas, a mais longa desde fevereiro de 2018. Nesta quarta-feira de vencimento de opções e futuros sobre o Ibovespa, o índice encerrou em alta de 2,16%, aos 95.547,29 pontos, em dia que se mostrou misto nas bolsas do exterior, em parte contidas por tensões fronteiriças na Ásia – entre China e Índia, e entre as Coreias – bem como pela cautela sobre segunda onda de covid-19 e o efeito que poderá ter na retomada econômica.
Na máxima, o índice foi hoje aos 96.611,40 pontos, com ganhos superiores a 3%, saindo de mínima a 93.531,17 pontos na sessão. O giro financeiro totalizou R$ 69,4 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções e futuros sobre o índice. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 9,32% e, na semana, de 2,97%.
A partir das 14h, o Ibovespa passou a renovar máximas, em momento no qual as bolsas de Nova York se firmavam em alta, ainda que transitoriamente, e bem mais moderada do que a observada na B3. No exterior, o sentimento chegou a melhorar com novas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que sinalizou hoje que ainda levará um tempo para se começar a reduzir o volume de ativos no balanço da instituição, ampliado para disponibilizar liquidez em meio ao impacto econômico da pandemia. No Brasil, o mercado aguarda daqui a pouco corte de até 0,75 ponto porcentual na Selic, que levaria a taxa de juros de referência a nova mínima histórica, desta vez a 2,25% ao ano.
“Tendo as iniciativas de liquidez nos EUA e a redução da Selic por aqui, o mercado continua a ser movido pelo fluxo, com deslocamento de recursos da renda fixa para a variável em busca de rentabilidade. Se o Copom surpreender e vier com corte acima do consenso, antecipando ajuste nos juros que viria depois, o movimento para a Bolsa pode se fortalecer”, diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.
“No exercício de opções sobre o Ibovespa hoje, prevaleceram as calls, muito mais compras do que vendas”, o que pode ser visto como expectativa de que o índice continuará subindo, observa Santos. Ele acrescenta que os preços das ações já embutem uma perspectiva ruim para os balanços do segundo trimestre, e que o mercado passa a olhar para o segundo semestre, especialmente sobre o que pode ocorrer com relação à pandemia e a reabertura das economias.
Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, vê com cautela o comportamento de hoje do Ibovespa no vencimento de opções. “Para mim não é sinalização de alta, acredito que entrou fluxo de compra para acerto de posição em função do vencimento do índice futuro”, diz. “Contra fluxo não há resistência. Quando terminar o fluxo hoje, o mercado tende a se ajustar à realidade”, conclui.
Nesta quarta-feira, Eletrobras ON (+9,99%) registrou o maior avanço dentre os componentes do Ibovespa, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizar planos de privatização da empresa ainda em 2020.
Em outro desdobramento bem recebido pelo mercado, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que o programa de reformas estruturais e de responsabilidade fiscal do governo seguirá em curso enquanto Guedes permanecer como o comandante da área econômica. No domingo, Mansueto anunciou que está de saída do governo; no dia seguinte, o ministério informou que Bruno Funchal será o substituto, a partir de 31 de julho.
As ações de commodities fecharam o dia em terreno positivo, com Petrobras ON e PN em alta respectivamente de 0,23% e 0,33%, enquanto Vale ON avançou 1,46%. Entre os bancos, também em alta na sessão, destaque para BB (+2,99%). Logo após Eletrobras na ponta do Ibovespa, Yduqs subiu hoje 7,12% e Cyrela, 6,73%. No lado oposto, Minerva caiu hoje 3,66% e CVC, 1,52%.