Na noite desta terça-feira (22), Antonio Francisco dos Prazeres Ferreira foi condenado a 12 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado pela morte do PM Erick Norio, na Vila Corbélia. O júri popular durou, aproximadamente, seis horas.

Acusado de matar PM não quer recorrer da decisão

Apenas duas pessoas foram ouvidas no julgamento, a mulher e o pai do policial militar. As qualificadoras foram: por dificultar a defesa da vítima e por matar agente de segurança pública no exercício da função.

O advogado de defesa do acusado de matar o PM afirmou que não irá recorrer da decisão, após pedido do próprio Antonio. Porém, o Ministério Público (MP-PR) afirmou que irá recorrer porque considerou a pena baixa.

Policial é morto durante ocorrência

De acordo com informações da Polícia Militar (PM), dois soldados – lotados do 23º Batalhão – checavam uma ocorrência de pertubação de sossego, via 190, quando o assassinato do PM Erick Norio aconteceu. Quando os policiais chegavam perto do local indicado na denúncia, pela Estrada Velha do Barigui, avistaram um motociclista com atitude suspeita.

condutor da viatura realizava uma busca pela placa no momento que o soldado Erick Norio desceu do automóvel. Poucos segundos após Nori descer do carro, o companheiro ouviu disparos de arma de fogo. Em seguida, o condutor perguntou para o colega se ele estava bem e foi quando Norio afirmou que tinha sido atingido.

Ele foi encaminhado para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho de atendimento.

Erick Norio foi assassino durante uma abordagem policial na Vila Corbélia (Foto: Maurício Freire/RIC Record TV)

Entenda todos os acontecimentos do Caso Vila Corbélia

Dia 6 de dezembro

Dia 7 de dezembro

  • No dia seguinte, 7 de dezembro, um vídeo comprova que dois policiais militares entram na vila e passam a atirar inadvertidamente.
    • Agentes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), ocupam a Vila Corbélia e prendem cinco pessoas em ação de combate ao tráfico de drogas e para capturar o autor dos disparos que vitimaram o policial militar Erick Norio. Pablo Silva Pereira da Hora, 22 anos, é morto durante a operação.
    • Em uma segunda gravação, feita durante a noite do dia 7, é possível ouvir mais tiros, que, segundo moradores, também foram efetuados por policiais.
    • À época, testemunhas chegaram a afirmar que a polícia determinou um toque de recolher na comunidade carente e que o incêndio na Vila Corbélia começou depois dos disparos feitos durante a noite.

    7 e 8 de dezembro

    • incêndio atinge a vila entre às 23h do dia 7 e a madrugada de 8 de dezembro. Mais de 100 casas na Vila Corbélia são destruídas pelo fogo. Todas as residências ficavam na ocupação 29 de Março.
      • Ninguém morreu ou ficou ferido durante o incêndio, mas Gabriel Carvalho, de 17 anos, é encontrado morto, com ferimentos de arma de fogo, na Estrada Velha do Barigui, que fica na região.
      • Durante a operação de combate às chamas, viaturas da polícia, um caminhão dos bombeiros e outros veículos oficiais são apedrejados pelos moradores que acreditam que o incêndio foi provocado por policiais militares em represália a morte do PM Eric Norio.

      8 de dezembro

      • policial militar Eric Norio é sepultado no Cemitério do Municipal do Boqueirão, em Curitiba.
      • Em coletiva de imprensa, o alto comanda da Polícia Militar declara que o incêndio na Vila Corbélia foi provocado pelo crime organizado. “Entendemos que, temos facções criminosas lá dentro, justamente porque nos últimos dias realizamos apreensão de drogas, armas e munições e mais do que isso, temos informações que nos chegam, de uma ocupação vizinha, que estaria descontente com a ação da polícia militar e colocaram fogo”, disse o Coronel Zanatta.

        11 de dezembro

        • Na madrugada de 11 de dezembro, Antônio Francisco dos Prazeres Ferreira, 33 anos, se entrega na Delegacia de Vigilância e Capturas, no centro de Curitiba, e confessa o assassinato do policial. Na ocasião, o advogado do suspeito explicou que o cliente decidiu se apresentar após as “confusões” registradas na Vila Corbélia.

        12 de dezembro

        7 de janeiro de 2019

        7 de março de 2019

        • Antônio Francisco dos Prazeres Ferreira volta atrás e nega o homicídio do policial durante a primeira audiência de instrução do processo. A versão do advogado é de que o acusado estava junto com o verdadeiro autor do crime: Pablo Silva Pereira da Hora, de 22 anos, encontrado morto menos de 24 horas depois do assassinato do policial, e que assumiu o crime por medo dos policiais. “Quando a polícia foi fazer a abordagem, eles estavam em três, eles correram. Esse menino que foi ouvido hoje como testemunha de defesa, ele estava no momento dos fatos e quanto os policiais chegaram, correu Antônio e esse menino para um lado e o Pablo para o outro lado. Então, eles ouviram o disparo e tudo leva a crer que foi o Pablo que efetuou o disparo”, declarou José Valdecir de Paulo.

        18 de setembro de 2019

        • Três policiais militares são presos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que investiga o incêndio na Vila Corbélia.
        • Segundo o Gaeco, os suspeitos foram detidos porque estavam em posse de armas e drogas. 
        • Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão contra policiais militares. 
        • A investigação apura se o incêndio, que destruiu mais de cem residências, foi provocado por policiais militares em represália ao assassinato do PM Erick Nório. A investigação corre sob sigilo.