Ciclone bomba: entenda como acontece o fenômeno

Publicado em 9 jul 2020, às 11h16. Atualizado às 11h34.

O ciclone bomba que atingiu a região Sul na última semana levantou muitas dúvidas na população. O que é esse fenômeno? Como ele se forma? Há formas de evitá-lo? Tudo isso você vai saber agora!

Ciclone bomba: saiba tudo sobre o fenômeno que deixa danos por onde passa

Um ciclone bomba, também chamado como ciclogênese explosiva, é um ciclone que apresenta uma queda da pressão atmosférica em 24 horas.

De acordo com Wilson Flavio Feltrim Roseghini, professor de Climatologia do Departamento de Geografia da UFPR e coordenador do Laboclima – Laboratório de Climatologia, para ser considerado um ciclone bomba a queda em 24h precisa ser de no mínimo 24 hPa (hectopascais), que é a unidade de medida da pressão atmosférica.

“A formação de um ciclone bomba costuma ocorrer devido ao forte gradiente de temperatura entre duas áreas próximas: pode ser uma diferença de temperatura entre o oceano e o continente por exemplo”, explica Wilson Flavio.

Em resumo, todos os ciclones tem queda na pressão atmosférica durante sua formação. Entretanto, para ser considerado um ciclone bomba a queda precisa ser exatamente de 24hPa em 24 horas: 1 hPa por hora.

FOTO: EDUARDO MATYSIAK

Fenômeno raro?

Dessa maneira, seria o ciclone bomba um fenômeno raro?

Bom, conforme o especialista Wilson Flavio Feltrim Roseghini, primeiramente é importante entendermos que áreas de baixa pressão atmosférica estão associadas a instabilidade, ou seja, são propícias à formação de chuvas. Desse modo, sistemas frontais (frentes), ciclones extratropicais e tropicais (furacões, tufões) são áreas de baixa pressão.

Além disso, de acordo com estudos considerando apenas a região do Atlântico Sul, os ciclones bomba são mais raros em comparação aos ciclones extratropicais, por exemplo.

“A ocorrência de ciclones bomba seria em aproximadamente 5% dos casos
Ou seja: de todos ciclones extratropicais que se formam na região, aproximadamente 5% deles seriam de ciclones bomba”.

Na margem dos 5%, o fenômeno que atingiu o Sul do país na última semana foi sim um ciclone bomba.

“A queda de pressão que ele apresentou foi superior a 24 hPa em 24 horas entre os dias 30/06 e 01/07”.

O que atingiu a região Sul do Brasil não foi causado apenas pelo ciclone

Apesar da região Sul ter sido atingida pelo ciclone bomba, os temporais registrados não foram causados diretamente pelo fenômeno.

“Os temporais foram causados por linhas de instabilidade que foram favorecidas pelo ciclone. Ciclones extratropicais se formam geralmente próximas da costa e seguem para o oceano, causando problemas principalmente na região costeira”, explicou Wilson Flavio.

Apesar de assustadores, não há formas de evitar a ocorrência dos ciclones bomba, já que são fenômenos naturais que sempre existiram.

Conforme o coordenador do Laboratório de Climatologia, a formação destes eventos ocorre para que a natureza possa reequilibrar as energias, resfriando áreas muito aquecidas para manter o balanço térmico.

“O que podemos prevenir é a forma como ocupamos a superfície: evitar a ocupação de encostas ou de fundos de vale, pois são as áreas mais afetadas durante eventos climáticos extremos; permitir habitações mais dignas para populações vulneráveis”, finaliza Wilson Flavio.