A avenida Paulista viveu uma espécie de “congestionamento” diferente na manhã deste domingo, 9. Havia bastante gente nas calçadas. Não houve aglomerações, grande temor durante a pandemia, mas a via se tornou um dos endereços requisitados para atividades de lazer, como caminhadas e passeios com a família, e até corrida e prática de exercícios. Isso aconteceu mesmo com o trânsito liberado para os veículos – o programa de abertura das ruas está suspenso pela prefeitura por causa da pandemia do coronavírus.
De acordo com os próprios frequentadores, um dos fatores que explica o movimento na região é a falta de funcionamento dos parques municipais, abertos desde o dia 14 de julho, mas apenas de segunda à sexta-feira de acordo com o protocolo municipal de combate à pandemia do novo coronavírus.
O casal de aposentados William, 63 anos, e Virgínia Pessoa, 64, substituíram os parques pela via na hora da caminhada diária. Frequentadores do parque do Ibirapuera durante a semana, os dois ficaram sem opções aos sábados e domingos. “Gosto de caminhar em locais movimentados para ver as pessoas. A Paulista podia ser mais arborizada, mas estamos fazendo exercício e também distraindo”, diz a moradora da Bela Vista.
Residente no Paraíso, zona sul da cidade, o arquiteto Luiz Altamiro, de 38 anos, achou melhor correr ali mesmo, no cartão-postal da cidade, por causa da localização. Ele achou que perderia muito tempo indo ao Zoológico ou ao Jardim Botânico, os únicos locais abertos por permitirem maior controle de público por causa da bilheteria e do agendamento. Com tênis adequado, óculos de atleta e monitor cardíaco, o arquiteto corria com velocidade reduzida, um pouco abaixo do seu ritmo ideal, desviando dos pedestres nas proximidades do MASP.
“Eu vinha sempre aqui quando a Paulista estava fechada para os carros e me acostumei. Não é o ideal, mas é um jeito de fazer atividade física perto de casa. Durante a semana, eu vou aos parques”, argumenta.
A maioria, no entanto, não estava preocupada com o cronômetro. O médico Carlos Pedroso, de 45 anos, decidiu passear com a filha Antonieta, de 9 anos, para “fazer uma coisa diferente” antes do almoço tradicional do Dia dos Pais. Ele confessa que a menina está sofrendo com a falta das aulas presenciais – que devem voltar só no início de outubro – e que queria ver outras pessoas. Ele não se importou de caminhar apenas na calçada. “Durante a semana, é difícil sair. A Paulista foi uma boa opção. Ela gostou”, comemora.
Movimentação na avenida Paulista
Os pedestres e ciclistas vão continuar restritos às calçadas e às ciclovias da Paulista. O programa Ruas Abertas, criado para incentivar a ocupação dos espaços públicos com vias abertas para ciclistas e pedestres aos domingos e feriados, está suspenso desde o dia 14 de março. As manifestações artísticas, culturais e esportivas também estão proibidas. O objetivo é evitar aglomerações. Em nota ao Estadão, a Prefeitura de São Paulo informou que não há previsão de reabertura do programa.