O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, apresentou nesta quinta (14) na Rio+20 o Hibribus, ônibus híbrido com motores elétrico e a biodiesel que fará parte da frota do transporte coletivo da cidade.
“O Hibribus é mais um avanço no sistema de Curitiba, que busca sempre estimular o uso do transporte coletivo aliado à sustentabilidade. Desenvolvemos um sistema de ônibus que é referência mundial, investimos agora no biocombustível e nos motores menos poluentes e estamos iniciando a implantação do metrô”, disse Luciano Ducci.
O Hibribus começou a ser produzido pela Volvo em Curitiba neste ano, com investimento de US$ 20 milhões. Até então, o ônibus era produzido apenas na Suécia. O sistema de transporte de Curitiba vai investir R$ 26 milhões para adquirir os primeiros 60 veículos híbridos para a frota.
Com capacidade para 85 passageiros cada, eles entrarão na Rede Integrada de Transporte, a partir de setembro, em linhas convencionais, que fazem ligação bairro a bairro (Detran/Vicente Machado/ Água Verde/Abranches; Juvevê/Água Verde; e Jardim Mercês/Guanabara) e em linha circular, a Interbairros 1. “Focamos no aproveitamento de todos os modais possíveis para a evolução constante de nosso transporte coletivo”, afirmou Luciano Ducci.
“Estamos muito otimistas com este revolucionário veículo. É o ônibus do futuro”, afirmou Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, que participou do lançamento no estande de Curitiba na Rio+20, a conferência mundial da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que acontece até dia 22 no Rio de Janeiro. O Hibribus ficará no estande de Curitiba na Rio+20, no Paque dos Atletas, durante toda a conferência.
O novo ônibus é o mais silencioso e o que oferece o maior ganho ambiental do mercado. A nova tecnologia permite economia de combustível de até 35% e reduz em 90% as emissões de gases poluentes, em relação aos ônibus com tecnologia Euro 3, além de não emitir ruído em cerca de 30% a 40% do tempo de operação.
O Hibribus, que tem carroceria Marco Polo, opera com dois motores, um elétrico e outro a biodiesel, que funcionam em paralelo ou de forma independente. O motor elétrico é utilizado no arranque e na aceleração até a velocidade de 20 quilômetros por hora quando entra em funcionamento o motor a biodiesel que, no caso de Curitiba, é à base de soja.
O Hibribus é um híbrido em que o motor elétrico é usado também como gerador de energia durante as frenagens. A cada vez que os freios são acionados, a energia da desaceleração é utilizada para carregar as baterias.
Quando o veículo está parado, seja no trânsito, em pontos de ônibus ou semáforos, por exemplo, o motor a biodiesel fica desligado, o que favorece sua utilização em linhas paradoras e de trânsito compartilhado.
Pioneirismo e avanço
O Hibribus é mais um avanço na trajetória pioneira da capital paranaense de utilização de energia limpa no transporte coletivo. Curitiba é a única cidade da América Latina a ter uma frota em operação regular com ônibus movidos exclusivamente a biodiesel, sem mistura de óleo mineral.
São 32 ônibus no chamado projeto B 100 (100% biodiesel), entre eles 26 ônibus do sistema Expresso Ligeirão – biarticulados com 28 metros de comprimento e capacidade para 250 passageiros, a mesma de um Boeing 767. Até metade do ano que vem mais 20 Ligeirões vão começar a circular, no Eixo Norte, elevando para 52 o número de veículos do B100 em Curitiba.
Com um índice de acessibilidade de 92%, o maior do país segundo pesquisa do Portal Mobilize Brasil em 2011, a Rede Integrada de Transporte de Curitiba conta com uma frota operante de 1915 ônibus (0,2% da frota total de veículos da cidade) que responde por 60% dos deslocamentos feitos com veículos motorizados e 45% do total de deslocamentos na cidade. Por dia são 21 mil viagens num total de 490 mil quilômetros. O número de passageiros transportados é de cerca de 2,3 milhões por dia útil. A Rede conta com 30 terminais de transporte, 364 estações tubo, 81 quilômetros de canaletas e cerca de 9,5 mil pontos de parada.
Desde abril deste ano, a rede também conta com monitoramento em tempo real, com a implantação de um moderno Centro de Controle Operacional, que representa um novo patamar no planejamento e gestão do transporte coletivo.
Curitiba também já iniciou o processo de implantação do metrô. A Linha Azul, da CIC/Sul à Rua das Flores, deve ter as obras iniciadas ainda neste ano, com investimento de R$ 2,3 bilhões.
Cada vez mais verde
Curitiba também apresenta na Rio + 20 as diversas ações de preservação do meio ambiente e sustentabilidade. Cada cidadão que mora em Curitiba conta hoje com 64,5 metros quadrados de área verde, distribuída nos parques e bosques públicos e nas áreas particulares, além das 300 mil árvores nas ruas da cidade. Espaços de conservação, convívio e lazer, os parques guardam parte da memória e história da cidade, além de abrigarem fragmentos da vegetação nativa.
Outra alternativa pra conservação é o incentivo fiscal dado aos proprietários de áreas verdes para transformá-las em Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal. A propriedade continua privada, mas o benefício se torna público. Números apontam que o conjunto atual de áreas verdes de Curitiba retira da atmosfera nada menos que 168 toneladas de dióxido de carbono por hectare. Quem mora na cidade, respira aliviado.
Coleta seletiva – A questão do lixo, grande problema urbano mundial, é outra questão bem equacionada em Curitiba. Cidade pioneira no Brasil a implantar a coleta seletiva, desde 1989, tem hoje uma realidade bem acima da média nacional. Mais de 85% da população separa o lixo doméstico. O município, na contrapartida, é atendido em 100% de sua área com a coleta de resíduos domiciliares orgânicos e recicláveis.
Programas como o Câmbio Verde, que troca lixo reciclável por alimentos em diversos pontos da cidade, e o Ecocidadão são outros exemplos inteligentes de gerenciamento do lixo.
Sempre à frente – Curitiba de mantém pioneira nas inovações de transporte, como a primeira a contar com os ligeirões, os maiores ônibus do mundo movidos a biocombustível, e agora ao apresentar o hibribus na Rio + 20. Desde 1974, os curitibanos contam com um sistema integrado que possibilita atravessar a cidade pagando uma única passagem. São ganhos de mobilidade e ambientais, graças ao incentivo ao uso coletivo. Ao unir energia elétrica e biodiesel, a frota é mais silenciosa e reduz em até 80% as emissões de carbono. Não é por acaso que o transporte urbano em Curitiba é referência nacional e internacional.
Os rios da cidade também são tratados com carinho. Ações de revitalização incluem a transferência de famílias que vivem irregularmente em suas margens para áreas dignas e seguras. No local, a cidade ganha novos parques lineares e a volta da vegetação nativa. Educação ambiental e fiscalização passam a fazer parte do entorno das águas.
Antes de estar na moda, a palavra Sustentabilidade já era ordem em Curitiba. O conjunto de iniciativas proposto pelo município e aceitas por sua população já conferiram à cidade, em 2010, o prêmio Cidade Sustentável do Globe Fórum, além do primeiro lugar do índice de Cidades Verdes da América Latina, pelo The Economist / Siemens. Em Curitiba, desenvolvimento rima com preservação ambiental.