Depois de seis dias na UTI, apresentador de Curitiba com coronavírus se recupera

Publicado em 6 abr 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 14h49.

Há oito dias internado, seis deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ônix, em Curitiba, o apresentador e jornalista Adilson Arantes fez um relato emocionante (e, mais do que isso, verdadeiro) sobre como o novo coronavírus agiu em seu organismo. Ele saiu da UTI neste domingo (5) e deve ir para a casa nesta terça-feira (6).

“Confesso a vocês que pensei que não fosse viver esse momento pra contar essa minha terrível experiência“, disse Adilson no relato, que foi enviado para a imprensa e, também, a quem se importou com seu estado de saúde, como ouvintes, telespectadores, amigos e familiares. O exame para confirmar o novo coronavírus, inclusive, foi positivo.

Adilson contou que na primeira noite, pouco tempo depois de conversar com o RIC Mais sobre sua situação, o quadro piorou e no outro dia foi direto pra UTI. “Seis dias com aparelhos e uma equipe médica espetacular, que me emociono só em falar deles. Todos comprometidos com a vida. Medicamentos e observações no pulmão e na capacidade de respirar a todo instante (já estava com pneumonia). Esses profissionais e mais a fé, me salvaram“.

Dias na UTI

O apresentador contou que seu pior momento foi quando uma das enfermeiras lhe dava banho. “Ao virar o corpo para enfermeira limpar as costas, me faltou ar e me bateu o desespero. Ali pensei que iria embora. Fui me acalmando enquanto a equipe me atendia. Trinta minutos horríveis. Juro que passei a noite pensando o quanto não valorizamos o básico na nossa vida: o ar que respiramos“.

Melhorando aos poucos a cada dia, Adilson contou que cada movimento, cada respirada mais longa, eram motivos de sorrisos, dele e da equipe. Por estar consciente e mais perto do ponto de apoio para os médicos e enfermeiros, ouvia e podia enxergar tudo o tempo todo. “Consciente, aumentava a minha ansiedade para deixar logo a UTI, pois sabia como estava a minha evolução. Os outros, ‘dormindo’, não sabiam de nada”.

Adilson Arantes apresentador e jornalista

Foto: Arquivo Pessoal.

Sem paladar e sem fome

Como um dos sintomas da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, é a falta do paladar e do olfato, o apresentador disse que não tinha sequer vontade de comer nada. “Nem tomar água. Mas há um fato que faço questão de contar pra vocês: um enfermeiro insistindo para que eu comesse alguma coisa. Não foi um simples pedido, percebi a preocupação dele comigo. O jeito, o gesto. Ele ali, em pé, do meu lado, quase desesperado e me tratando como seu fosse um irmão dele. ‘Sr Adilson, coma alguma coisa, pelo amor de Deus, vai lhe deixar mais fortinho e daí o senhor vai embora logo. Eu sei que o alimento não tem sabor, apenas engula então, por favor‘. Nunca vou esquecer isso”.

De volta ao quarto

Depois de seis dias, Adilson foi levado de volta ao quarto, já sabendo que venceu a doença. “Foram algumas tentativas frustradas [para que pudesse voltar ao quarto], mas meus exames melhoraram e fui liberado para o quarto. Já respiro sem a ajuda do aparelho que me acompanhou por esses dias. Já me sinto outra pessoa“.

Ao contrário de seus primeiros dias, quando Adilson contou que sequer conseguia andar pelo quarto para tomar banho ou ir ao banheiro normalmente, agora já se sente melhor. “Já ando (bem devagar) pelo quarto, já tomei um banho demorado e já me viro sozinho. Depois de quase uma centena de agulhadas e muitos exames e remédios, ufa! Estou vivo“.

Adilson Arantes apresentador e jornalista 3

Adilson está afastado de seus compromissos profissionais. Foto: Arquivo Pessoal.

Alerta importante!

Sobre o que dizer às pessoas para conscientizar do quanto a doença é grave, o apresentador foi enfático. “Meus amigos, a jornada não foi fácil. Não contei aqui que chorei bastante e o que pensei sobre deixar a vida, os amigos, os meus filhos queridos, a minha amada esposa e o medo de não ver meu neto ou neta nascer”.

Adilson disse que se sente exausto, como se estivesse mesmo numa luta que não via fim. “Me sinto voltando de uma guerra, todo arrebentado, cujo inimigo era invisível. Mas eu venci. Quero agradecer a todos pelas orações e dizer que logo estarei de volta ao ar em meu trabalho, seja pelo rádio, como também pela TV”.

Para encerrar, o jornalista e apresentador, que trabalha nas rádios Caiobá e Ouro Verde FM, Difusora AM, e na TV Evangelizar, usou uma frase que costuma dizer aos mais próximos, “a vida é curta pra ser pequena“, e pediu: “Se não precisar, não saia de casa“.