“Um estado de guerra psicológica”, afirmou o prefeito de Barão dos Cocais, em Minas Gerais, Décio Santos (PV). Desde que os moradores souberam que uma estrutura está prestes a desmoronar, as sensações de apreensão e medo se tornaram ainda mais presentes.

Em entrevista ao R7, o prefeito classificou o cenário como dramático. “É difícil conviver com esta situação. Não sabemos se de fato vai afetar a barragem ou não. Não sabemos se vamos morrer ou não.”

Ameaça de desmoronamento na mina Gongo Soco

Alguns moradores que já foram removidos de suas casas não sabem quando retornarão aos lares. Quem não foi realocado por morar em áreas em que a lama demoraria mais de uma hora para chegar, se angustia por não saber se a barragem vai mesmo se romper.

“A gente não vê essa lama. Ela é invisível, mas está atingido a cada dia um morador. A nossa população está toda doente. A cidade está doente”, afirmou a representante dos moradores da comunidade de Socorro, Isabel Cristina.

Incerteza repassada pela Vela e órgãos governamentais

A dúvida é porque, até o momento, nem a Vale e nem os órgãos governamentais afirmaram que a barragem Sul Superior, que fica na mina Gongo Soco, vai colapsar como as de Brumadinho e Mariana.

Contudo, um estudo da mineradora viu que um talude, que é uma espécie de terreno inclinado que dá sustentação à cava (buraco para armazenamento de água) da mina, está se movimentando a um ritmo acelerado.

Desmoronamento de talude até o próximo sábado

Wagner Nascimento, chefe da divisão de segurança de barragens de mineração da Agência Nacional de Mineração em Minas Gerais, explica que o talude deve desmoronar até o próximo sábado (25). Mas, ainda não é possível afirmar como a barragem, que fica a 1,5 km de distância, vai ser afetada.

“A queda do talude é inevitável. Mas não se sabe se a vibração vai abalar a barragem Sul Superior. O talude pode ir escorregando bem devagar, sem fazer movimentação alguma. Mas é algo que tem que esperar para saber”, disse Nascimento.

Medidas de segurança

A barragem Sul Superior é classifica no nível três – risco iminente de rompimento – desde o mês de março. Por isso, cerca de 450 moradores que viviam próximos à estrutura foram levados para hotéis e casas alugadas.

Os demais, que vivem em locais que seriam atingidos pela lama depois de uma hora do possível estouro, passaram por dois treinamentos de fuga. Na cidade, as ruas e locais que devem ser inundados pelos 6,8 milhões de metros cúbicos de lama, foram sinalizados como avisos de alerta.

LEIA TAMBÉM: Risco de nova barragem romper aciona sirene e afeta outra cidade de MG

Enquanto a população aguarda o deslizamento do talude, a Vale monitora a estrutura remotamente, 24 horas por dia, conforme orientação da Justiça que determinou que funcionários da empresa não podem ficar na mina, por questão de segurança.