Disputa de facções aterroriza moradores e deixa mortos no Rio

por Reuters
Por Rodrigo Viga Gaier
Publicado em 27 ago 2020, às 19h03. Atualizado às 19h59.

Uma guerra com mais de 24 horas de duração entre facções rivais que disputam o controle de favelas do Rio de Janeiro deixou ao menos dois mortos e aterrorizou moradores que ficaram no meio de trocas de tiros e foram feitos reféns dentro de suas casas, informou a polícia nesta quinta-feira.

A disputa acontece na região do complexo de São Carlos, entre o Centro e a zona Norte da cidade, a poucos metros da sede administrativa da prefeitura e da famosa Marquês de Sapucaí, que recebe os desfiles das escolas de samba do Carnaval carioca.

O clima de tensão começou na quarta-feira (26), quando houve uma perseguição da polícia a suspeitos no bairro da Lagoa, na zona Sul da cidade, no momento em que membros de uma facção estavam se deslocamento para a invasão ao complexo de São Carlos, dominado por outro grupo, segundo a polícia. Houve troca de tiros em plena luz do dia e dois criminosos foram presos.

A tentativa de invasão ao complexo de São Carlos começou pouco depois, provocando intensos tiroteios. Uma mulher de 25 anos morreu ao ficar no meio do fogo cruzado com o filho de 3 anos.

Durante a madrugada, suspeitos em fuga tentaram invadir um condomínio residencial na região, mas foram surpreendidos por policiais e um suspeito morreu. Outro homem conseguiu acessar um prédio após atirar no porteiro, e manteve por algumas horas uma família como refém até se render para a polícia depois de uma longa negociação.

Um outro morador da região teve a casa invadida por suspeitos na tarde desta quinta-feira, mas os invasores também acabaram se entregando para a polícia.

Veja alguns vídeos da disputa de bandidos no Rio de Janeiro

Guerra entre criminosos no Rio de Janeiro

“O Rio tem mais de 1.400 comunidades e quatro facções disputam palmo a palmo esses locais com armas de guerra… A área do complexo está reforçada e com patrulhamento dentro e fora do complexo”, disse a jornalistas o porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess.

A guerra entre criminosos rivais acontece após decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitaram e regulamentaram as operações da polícia em favelas e comunidade carentes do Rio de Janeiro durante a pandemia de coronavírus.

Agora as intervenções só podem ser feitas se justificadas e consideradas essenciais. O uso de helicópteros também foi limitado. As medidas desagradam a polícia fluminense, que entende que as restrições fortalecem o poderio do crime organizado.

“A segurança pública é nossa prioridade, mas por determinação judicial, a atuação das polícias do Estado está limitada no Rio”, disse o governador Wilson Witzel em uma rede social.