Homem pode ter enterrado outra mulher com documentos da ex-esposa, considerada morta há 10 anos
A dona de casa aposentada Aurora Júlia da Silva, de 74 anos, é considerada morta há 10 anos, desde 7 de dezembro de 2010, e corre o risco de perder a aposentadoria. Ela é moradora do município de Moreira Sales, na região Noroeste do Paraná, e foi dada como morta pela comissão paranaense que investiga possíveis fraudes na fila da vacina contra covid-19.
A reportagem da RIC Record TV Maringá visitou a casa dela esta semana, e comprovou: dona Aurora está mais viva do que nunca e segue fazendo afazeres domésticos e comida para ela e também para os quatro filhos que moram na residência que fica na Vila Belém, em Moreira Sales.
O equívoco envolvendo os documentos pessoais de dona Aurora pode ter uma explicação: o ex-marido dela fugiu de casa há 30 anos e levou todos os seus documentos.
Uma possível tese é que ele tenha enterrado uma outra mulher e apresentado em cartório, para confecção do atestado de óbito, os documentos pessoais da dona Aurora. A data de óbito é 7 de dezembro de 2010 e ocorreu no Estado de Rondônia.
“Por que ele foi usar meu nome para colocar no nome dela? Eu lembro que o nome dela era Maria”, lamentou dona Aurora, em entrevista para o repórter Evandro Mandadori, da RIC Record TV Maringá.
‘O que eu vou comer?’
Com essa confusão, o maior receio da moradora de Moreira Sales é perder o direito da aposentadoria, considerada vital para ela e para sua família.
“Ela depende totalmente da aposentadoria para viver. A dona Aurora já provou que não está morta. Pelo contrário: está bem vivinha”, disse à reportagem Roberta Cristina Carpiné, secretária municipal de Saúde de Moreira Sales.
“Se cortar a minha aposentadoria, o que eu vou fazer? O que eu vou comer?”, desabafou a dona Aurora.
Com toda a repercussão, o INSS deverá abrir procedimento interno para regularizar o caso da segurada Aurora. E a Polícia Civil deverá investigar o caso envolvendo o óbito registrado com o nome de dona Aurora em Rondônia.
Anualmente, cerca de 36 milhões de brasileiros precisam realizar a prova de vida no INSS para comprovar que está vivo e que têm direito a benefícios, como aposentadorias e pensões.