Investigação sobre atentado contra médico de Paranaguá se aproxima do fim
Novas informações obtidas pela Polícia Civil podem ajudar a esclarecer a tentativa de homicídio da qual o médico Ricardo Miroski, de 66 anos, foi vítima no dia 27 de abril, em Paranaguá, no litoral do Paraná. (Assista reportagem abaixo)
Seis meses já se passaram, mas até agora ninguém foi preso. Ricardo e sua esposa, Lislaine Miroski, ainda não sabem a motivação do atentado, mas, desde então, são obrigados a andar acompanhados por seguranças em todos os lugares, precisaram mudar de residência e hoje vivem escondidos.
“A minha vida foi cortada, foi ceifada, mudou completamente a minha vida. Eu estou vivendo como a gente diz às escondidas, sem sair, sem ir a lugar nenhum, sem aparecer. Eu evito o máximo possível qualquer contato. Eu tenho a impressão que sempre tem alguém atrás, olhando. Aqui na clínica quando entra um paciente, eu fico preocupado”,
desabafa o médico.
O crime
Ricardo e sua esposa chegavam, por volta das 7h30 da manhã, na clínica em que o médico trabalha há 25 anos quando foram surpreendidos por dois homens. Sem falar nada, um deles efetuou um disparo de arma de fogo contra a cabeça da vítima e, na sequência, desferiu outros dois tiros.
“Eu caí no chão, me contrai, fiquei virado de barriga para baixo e, em seguida, eu já senti um outro projétil, um tiro, que me pegou nas costas e se alojou na parte inferior do abdômen. Em seguida, um terceiro tiro”,
conta Ricardo.
O médico acredita que só sobreviveu porque sua esposa assustou os criminosos. “Entre o segundo e o terceiro tiro, eu lembrei de ficar imóvel para que ele pensasse que eu estivesse morto e não descarregasse todos os projéteis em cima de mim. Foi uma teoria, vamos dizer assim, na hora. Sorte que ele deu o terceiro tiro e, em seguida, minha esposa saiu correndo do carro, nervosa, gritando, e eles se assustaram, subiram na moto e foram embora”, completa.
Investigação
Durante as investigações, dois acontecimentos chamaram a atenção da polícia. O primeiro é que nas três semanas que antecederam a tentativa de assassinato, um homem começou a supostamente cuidar de carros na região da clínica. No entanto, ele só pedia dinheiro para Lislaine, ou seja, possivelmente estava monitorando os passos do médico.
O segundo é que dois meses antes do crime, o casal foi feito refém dentro de casa e ouviram dos bandidos que “a cabeça do médico já estava a prêmio”. “Eles falaram naquela oportunidade que era ‘fita dada’, que eles queriam o cofre, as jóias”, diz a advogada Miriam Regina Kulek.
No entanto, o conjecturado cofre nunca existiu e apenas uma pessoa que conviveu com o médico é que teve um. “Nós não vemos ele como uma pessoa que tem inimigos. A única possibilidade seriam essas questões processuais. A maioria deles envolvendo questões familiares, relacionadas à divisão, divórcio, partilha de bens, outros em relação a prestações de contas, lucros, valores repassados para ex-sócios, não sócios”, explica o advogado Emerson Kulek.
“A única motivação que todo mundo conseguiu concluir foi financeira. Seguros de vida, muitos e valores muito altos, que ele já tinha há muito tempo, dívidas com a clínica, ele morto valia muito para alguém”,
declara Lislaine.
Investigadores cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência de duas pessoas suspeitas de serem os mandantes do crime. O delegado Nilson Diniz, que cuida do caso, pontua que aguarda o resultado da perícia nos aparelhos para concluir o inquérito e ainda não pode divulgar as suas identidades.
“Após a extração [dos respectivos conteúdos] serão encaminhados os relatórios para a 1ª subdivisão e será feita uma análise a fim de obter os últimos elementos necessários para a apuração da autoria do crime”,
diz o delegado.