O mercado de juros encerrou esse dia “D” da política monetária no Brasil com taxas curtas de lado e as demais, em baixa, com a curva, ao contrário de ontem, perdendo inclinação. O mercado operou em compasso de espera pelo comunicado do Copom, que deixou a porta aberta para um corte “residual” da Selic. Isso abriu espaço para uma correção nos vencimentos longos, que ontem subiram em função do aumento das apostas no corte da Selic e da pressão no câmbio. Nesta quarta-feira, 17, o dólar passou a avançar no meio da sessão, mas muito em função das expectativas para a Selic e, ainda assim em níveis considerados comportados. Desse modo, não interferiu no ajuste da curva.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2020, o primeiro a vencer após o Copom de hoje, novamente foi o mais líquido, fechando com taxa de 2,247%, de 2,262% ontem. O DI para janeiro de 2021 fechou com taxa em 2,095%, de 2,094% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 5,773% para 5,66% (mínima). A do DI para janeiro de 2027 também fechou na mínima, a 6,62%, de 6,742% ontem.
Mesmo com as atenções voltadas ao Copom, houve espaço para a queda da ponta longa. “A curva estava aberta demais ontem”, disse Vitor Carvalho, sócio-gestor da Laic-HFM, acrescentando ainda que declarações do ministro Paulo Guedes sobre as reformas, como as de hoje, normalmente acabam encorajando a busca por risco. “Estamos terminando as medidas emergenciais e retornaremos às reformas econômicas nas próximas semanas. Vamos continuar reformando o País em uma direção liberal”, disse o ministro.
Além disso, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, em entrevista ao UOL, reiterou que uma “virada” na política econômica não ocorreria com Guedes no governo, tipo de fala que sempre agrada ao mercado. O secretário também reforçou que o órgão não está tendo problema para financiar a dívida pública e que o foco tem sido no curto prazo porque a curva longa de juros está alta.