Laudo preliminar aponta que menino de 3 anos morto em Cianorte não sofreu abuso sexual

Publicado em 26 mar 2021, às 14h40. Atualizado em: 16 mar 2022 às 15h01.

O laudo preliminar do Instituto Médico-Legal (IML) de Maringá, no noroeste do Paraná, divulgado nesta sexta-feira (26), aponta que o menino Cristofer Matos, de 3 anos, não sofreu abuso sexual antes de morrer em Cianorte, na mesma região do estado.

De acordo com o documento, ao contrário do que foi mencionado na quinta-feira (26), pelo secretário de Defesa Social do município, Elias Ariel de Souza, não foram constatadas lesões na região anal e na glande da criança. Na ocasião, a equipe da Unidade de Pronto Atendimento que socorreu o menino havia informado sobre os possíveis ferimentos. 

Por outro lado, o IML confirmou que a criança apresentava várias fraturas pelo corpo e, inclusive, uma lesão no pâncreas, que gerou hemorragia

O padrasto do menino, Jhonatan Veloso Cavalcante, de 30 anos, permanece preso como principal suspeito pela morte. Ele foi detido em flagrante ainda na quinta-feira (26), data do falecimento de Cristofer. No entanto, precisou ser transferido para uma delegacia da região porque os presos da Delegacia de Cianorte se revoltaram com o crime.

Cristofer ficava sozinho com o padrasto entre às 4h30 da madrugada, quando sua mãe, Ana Paula Matos, saía para trabalhar, e às 7h, horário em que a avó materna assumia os cuidados do neto.

Criança morre na UPA

No início da manhã desta quinta-feira, por volta das 6h, Jhonatan levou o enteado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) alegando que ele estaria passando mal. A criança chegou ao local em parada cardiorrespiratória e a equipe médica tentou reanimá-lo por cerca de 30 minutos, mas não teve sucesso.

A Polícia Militar foi acionada depois que a equipe da UPA percebeu claros sinais de agressão na criança, que apresentava hematomas nos pés, na barriga e no tórax. Os profissionais ainda desconfiaram que Cristofer estava com lacerações no ânus e na glande.

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De acordo com o delegado Carlos Gabriel Gomes, responsável pela investigação, ele nega que tenha abusado sexualmente do enteado. “Ele relatou que acordou, encontrou a criança já passando mal. Segundo ele, a criança já estava passando mal desde ontem [quarta-feira] com vômitos e diarreia. Algo que não foi confirmado seja pela avó, pelo tio ou pela mãe. Avó e tio moram na casa em frente, no mesmo terreno, e eles moravam nos fundos. E hoje quando ele acordou percebeu novamente a criança mal, tentou dar um banho nela, piorou e de repente a criança acabou desmaiando e foi então que ele pediu socorro para que fosse transportado até a UPA. O que foi feito pelo tio da criança, cunhado dele.”

Depoimento do padrasto

Ainda conforme o depoimento do padrasto, ele caiu quando carregava Cristofer no colo para levá-lo até a casa dos familiares. “Eu levantei, fui chamar ele para ele escovar o dente e vi que ele estava amoadinho, não estava legal. Ele desmaiou depois que eu coloquei ele para tomar banho. Aí, eu sequei ele, coloquei a roupa dele. Aí, eu ia pegar e deixar ele na casa da minha sogra. Só que daí ele começou a ficar mais mole, foi a hora que eu vi que ele estava meio desmaiado. Aí, eu catei ele no colo e sai correndo e levei ele para cima. Teve uma queda a hora que eu estava com ele no colo, a hora que estava subindo para a casa da frente. No correria eu não reparei se machucou, mas a cabeça chegou a bater não.”

“A gente mora na casa dos fundos e minha sogra na casa da frente. Vamos dizer assim, por um acaso, se eu tivesse feito isso, que fez tantos hematomas, tantos machucados. Como que a criança não ia chorar, não ia gritar e ninguém ia escutar? É uma coisa que não tem cabimento”,

declarou Jhonatan.