Luto e Luta: Organizações dão suporte às mulheres que viveram o trauma da violência
As marcas da violência nem sempre são somente no corpo das mulheres. Além das agressões físicas, as vítimas ainda podem sofrer ameaças, privação de liberdade e até controle da própria renda. Recuperar-se desses traumas é um trabalho que precisa contar com uma rede de apoio à mulher. Sozinha, por vezes, conseguir sair das armadilhas do agressor é impossível.
O último episódio da série “Luto e Luta” traz organizações, tanto públicas como privadas, que foram criadas especialmente para prestar serviços que auxiliam a vida após o sofrimento. São eles que também dão o apoio para que as mulheres lutem pela própria dignidade.
Acolhimento
O primeiro passo é conseguir sair do local em que foi violentada. Em Londrina, o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CAM) acolhe mulheres que saíram de casa e precisam ter um local seguro. É no CAM que as vítimas podem receber ajuda para conseguir decidir quais são as decisões a serem tomadas. Há mais de 20 anos que o serviço é realizado de forma gratuita.
“Nós somos um serviço que estamos com uma equipe, tanto na área de serviço social, psicologia e jurídica que vai trabalhar com ela esse fortalecimento para que ela possa tomar uma decisão”,
Lucimara Rodrigues, diretora de enfrentamento à violência do CAM, ressalta
Por vezes, as mulheres chegam ao CAM com o sentimento de culpa, acreditando serem as responsáveis pelas violências que sofreram. Religião, família e falta de dinheiro são alguns dos motivos que fazem a vítima pensar que ela causou o rompimento do casamento.
Para Lucimara, é necessário que a mulher entenda, primeiro, a situação que está vivendo. O segundo passo seria tomar a decisão, se ela quiser, de abrir um boletim de ocorrência ou pedir medidas protetivas. A diretora explica que isso é importante porque já presenciou diversos casos em que as vítimas mudam de ideia e voltam atrás na decisão.
O CAM fica na Av. Santos Dumont, nº408. O telefone é 3378-0132. Todas as pessoas acolhidas têm direito à proteção.
Apoio judicial
O trabalho das instituições públicas cria braços nas iniciativas não governamentais. O Neias, Observatório de Feminicídios Londrina, trabalha para que os crimes não caiam no esquecimento da população.
“Neias” vem do nome de Cidneia Mariano, vítima de um ato brutal de espancamento e deixada para morrer em uma estrada rural de Londrina. Ela ficou por dois anos em uma cama, tetraplégica, quando morreu de ataque cardíaco. Para que o caso de Neia não seja reproduzido em outras mulheres, o grupo acompanha processos jurídicos de todas as cidades da região.
As integrantes chegam a acampar em frente ao Fórum. Foi assim no caso do julgamento de Donizete Alves Pereira, acusado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) de matar a ex-companheira, Márcia Aparecida, com golpes de roçadeira. Ele acabou sendo inocentado da acusação de feminicídio e foi julgado pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O Observatório busca “ressaltar a urgência da consolidação de práticas de controle social e de articulação da rede intersetorial para o atendimento público”. Contato pode ser feito por e-mail e redes sociais.
Reconstrução da vida
E o que vem após a luta? Com a vida completamente modificada, as mulheres precisam se reerguer tanto no campo emocional, quanto no financeiro. O projeto Moara estende a mão e dá suporte para essas vítimas.
Com quatro mulheres na formação, as vítimas são encaminhadas até elas por meio de indicações de psicólogos. O Moara ajuda a recolocação no mercado de trabalho e até mesmo a abertura do próprio negócio, para a retomada da própria liberdade.
“Nós temos consultoras financeiras, jurídicas, contábeis e de comunicação. São várias áreas que a gente vai dar o suporte pra pessoa conforme ela está precisando. […] A cada momento entra um consultor especializado naquela demanda”,
explica Mila Bearzi, uma das integrantes do Moara.
“Se não fosse o projeto, eu não estaria aqui”, disse uma das mulheres acolhidas pelo Moara, à reportagem da RIC Record TV Londrina. Se você está passando pela mesma situação e precisa de ajuda, entre em contato pelas redes sociais.
Os episódios estão sendo transmitidos no canal da RIC Record Tv Londrina. São duas transmissões: às 11h50, no Balanço Geral Londrina e às 18h, no Cidade Alerta Londrina.
Série “Luto e Luta”
Todos os episódios da série foram transmitidos no no canal da RIC Record Tv Londrina, no Balanço Geral Londrina e no Cidade Alerta Londrina. Eles estão disponíveis no YouTube e no Ric Mais.
Os repórteres Rafael Machado, Lamartine Cortes e Ana abordaram a violência contra mulher, com casos reais e medidas que a cidade oferece para conter agressores.