Após três meses, 13 mil aplicadores aguardam pagamento do concurso da PM
Uma mulher curitibana de 36 anos que trabalhou como aplicadora de prova no concurso da Polícia Militar, realizado em 13 de junho pelo núcleo de concursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, ainda não recebeu o pagamento pelos serviços prestados. De acordo com o contrato de trabalho, ela deveria receber R$ 150 em até 30 dias, mas, após mais de três meses, continua no aguardo.
A mulher, que pediu para não ser identificada para evitar que seja excluída de futuros concursos, é mãe solo de três crianças e se inscreveu para conseguir um dinheiro extra para sustentar a família, já que sua profissão principal – de bartender em eventos – foi fortemente afetada pela pandemia.
Além dela, mais 13 mil pessoas aguardam receber o dinheiro do Núcleo de Concursos da UFPR.
“Fomos contratados para aplicar a prova do concurso da PM com valor do cachê de R$ 150. A prova foi realizada no dia 13 de junho, em um domingo, com promessa do pagamento [ser feito] em 30 dias. Hoje, 17 de setembro, sem retorno do cachê e sem satisfação do Núcleo. Um verdadeiro descaso”,
denuncia a mulher.
A mulher relata que a única mensagem encaminhada por parte dos organizadores do concurso foi um comunicado justificando o atraso do pagamento com o argumento de que o estado teve a necessidade de contratar mais colaboradores nesta edição atípica.
“A situação de pandemia, e a necessidade de se respeitar o distanciamento social, fez com que o número de locais e salas de prova se tornasse três vezes maior do que o previsto (8.256 salas), passando de 13 mil para 25 mil colaboradores alocados. Consequentemente o tempo gasto para a verificação dos dados dos colaboradores, necessário para a efetivação dos pagamentos, foi consideravelmente maior do que o habitual”,
diz o comunicado enviado pelo Núcleo de Concursos.
A curitibana diz que toda vez que cobra por uma resposta, a mensagem é sempre a mesma.
“Para mim foi muito frustrante, até porque R$ 150 nesse momento tão delicado para uma mãe solo com três filhos faz muita falta”,
diz ela.
Outras pessoas relataram ao RIC Mais dividirem a mesma frustração da bartender. Uma professora de Pinhais, por exemplo, foi informada pela instituição que havia problemas cadastrais na inscrição e por isso não estaria recebendo. Mesmo tendo regularizado a documentação, ela continua na espera.
“Eles mexem de alguma forma no site, e mudam o dado da conta”,
reclama a professora.
O que diz a UFPR
Diante da reclamação de diversos colaboradores, a Universidade Federal informou que já foram pagos o salário de 10.005 pessoas e que 13 mil ainda aguardam o depósito. As regras do concurso – que incluem o prazo de pagamento em até 30 dias – foram feitas antes da pandemia e que, por causa da complexidade do momento, sofreram alterações.
“Devido a complexidade dos ajustes de biossegurança, impostos pela pandemia, multiplicou por três o número de aplicadores/colaboradores e também de locais de prova. Então, aguardamos os demais repasses que estão por vir, para poder saldar os que ainda não receberam”,
alega a UFPR.
O que diz PM
A Polícia Militar do Paraná afirmou que todas as etapas previstas no processo de pagamento estão sendo feitas e, que “não há nenhuma pendência com o Núcleo de Concursos.
“O primeiro pagamento foi efetuado em julho, conforme contrato e dentro do prazo”,
explicou a corporação em nota.
A Pm diz ainda que o segundo repasse, de acordo com o contrato, deveria ser feito 10 dias úteis após o resultado final da Prova de Conhecimentos, que foi realizada no dia 15 de agosto. O órgão garante que a nota fiscal foi encaminhada e está seguindo os trâmites internos, dentro do prazo estabelecido.
Em relação ao terceiro e último repasse previsto no contrato, a corporação informa que ocorrerá “quando o processo do certame for encerrado, conforme previsão contratual.