Magnata de Hong Kong, Jimmy Lai é preso sob a nova lei de segurança nacional, confirmando "os piores temores"

Publicado em 10 ago 2020, às 09h41. Atualizado em: 11 ago 2020 às 08h04.

Por Greg Torode e James Pomfret

HONG KONG (Reuters) – O magnata da mídia de Hong Kong Jimmy Lai se tornou a pessoa mais notória a ser presa sob a nova lei de segurança nacional, neste domingo, após ser detido por suspeitas de conluio com forças estrangeiras, com por volta de 200 policiais conduzindo uma busca nos escritórios do seu jornal Apple Daily.

Nascido no continente, Lai, que foi para Hong Kong clandestinamente em um barco de pesca quando tinha 12 anos e nenhum dinheiro, tem sido um dos maiores ativistas pela democracia na cidade governada pelos chineses um ardente crítico de Pequim.

A sua prisão acontece em meio à repressão de Pequim contra a oposição pró-democracia na cidade e mais preocupações sobre liberdades de imprensa e expressão prometidas à antiga colônia britânica, quando ela retornou à China, em 1997. A China impôs a abrangente nova lei de segurança em Hong Kong em 30 de junho, o que gerou a condenação de países ocidentais.

A prisão “confirma os piores temores de que a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong seria usada para suprimir opiniões pró-democracia e restringir a liberdade de imprensa”, afirmou Steven Butler, coordenador do programa do Comitê para Proteger Jornalistas da Ásia.

Ryan Law, editor-chefe do Apple Daily, um convicto tabloide anti-governo e pró-democracia que também faz trabalhos investigativos, disse à Reuters que o seu jornal não seria intimidado.

“Continuamos como sempre”, disse.

A lei de segurança pune tudo que a China considerar subversão, secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras com sentenças que chegam até à prisão perpétua. Críticos afirmam que ela esmaga liberdades, enquanto apoiadores defendem que ela traz estabilidade após prolongados protestos pró-democracia ano passado.

Lai, 71, visitou Washington frequentemente, onde se encontrou com autoridades, como o secretário de Estado, Mike Pompeo, para reunir apoio à democracia de Hong Kong, o que levou Pequim a rotulá-lo como “traidor”.

A polícia de Hong Kong disse que havia preso “pelo menos” nove homens, com idades entre 23 e 72, sem identificá-los, acrescentando que mais prisões eram possíveis.

As suspeitas incluem “conluio com nações estrangeiras/elementos externos que colocam em perigo a segurança nacional, conspiração para defraudar” e outras, disse a polícia.

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