Mandetta critica Bolsonaro e diz que coronavírus vai matar mais gente no Brasil
Ele foi demitido em plena crise do novo coronavírus no Brasil e, nesta quarta-feira (13), fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, Bolsonaro é um dos poucos líderes do mundo que continua diminuindo a gravidade do vírus.
Em entrevista à CNN americana, Mandetta disse que a história vai dizer “quem estava certo e quem estava errado”. Comentou também que Bolsonaro deveria olhar com mais atenção às vidas.
“Infelizmente, ele [Bolsonaro] é um dos poucos líderes que continua mantendo esse discurso de que a economia deve voltar a funcionar de qualquer forma, que a perda dos empregos será pior do que a epidemia, que ficar em casa traz mais problemas do que a doença em si. Essa é a mensagem que ele quer levar às pessoas. Trump, pelo menos, voltou atrás em sua posição de dizer que era simplesmente uma gripe”, disse Mandetta.
Além de criticar a conduta do presidente Jair Bolsonaro, Mandetta também falou sobre sua saída do Ministério da Saúde. Segundo o ex-ministro, não teria condição para permanecer no cargo e que as “opiniões completamente diferentes” em relação ao modo de combater o coronavírus foi uma das razões.
“Nós temos opiniões completamente diferentes sobre essa mesma situação e eu não conseguia lidar com ele dizendo para as pessoas voltarem ao trabalho, saírem por aí e não manterem o distanciamento social. Dizendo que era só uma ‘gripezinha‘”.
Mandetta disse que, enquanto ministro da Saúde, seguiu e ouviu especialistas, os governadores, os prefeitos. “As pessoas das universidades e ao redor do mundo, dizendo para as pessoas ficarem em casa, cuidarem dos idosos. Nós estávamos claramente em lados opostos“.
“Ele fez o que ele quis fazer, mas a história vai dizer quem estava certo e quem estava errado“, disse Mandetta.
Preocupação com enfrentamento ao coronavírus no Brasil
Quando questionado se estaria preocupado com a capacidade de o Brasil lidar com o vírus, Mandetta se mostrou apreensivo. Numa escala de zero a dez, disse que sua preocupação é dez, pois a crise no país está só começando. “Os números falam por eles mesmos. Estamos subindo cada vez mais no número de mortos”, alertou.
Para o ex-ministro da Saúde, os números de mortos por dia podem aumentar e muito. O Brasil, para ele, pode ser um dos países com mais casos.
“Nesta semana ou na próxima, nós provavelmente vamos chegar a mil mortes diárias. Eu acho que o Brasil pode se tornar o país com um dos maiores números de casos no mundo”, avaliou Mandetta.
Evolução do novo coronavírus no Brasil
Nesta quarta-feira, o Brasil incluiu 749 novas mortes em seus dados, totalizando 13.129 óbitos. Além disso, foram 11.385 novos infectados, num total de 188.974 casos confirmados. O boletim foi divulgado pelo Ministério da Saúde.
Segundo o mapa global da universidade Johns Hopkins, mais atualizado do que o mantido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil passou a França e ocupa a sexta posição em casos confirmados, atrás apenas de Itália (222,1 mil), Espanha (228 mil), Reino Unido (230,9 mil), Rússia (242,2 mil) e Estados Unidos (1,38 milhão).