Mandetta critica Bolsonaro e diz que coronavírus vai matar mais gente no Brasil

por Redação RIC.com.br
com informações da CNN americana
Publicado em 14 maio 2020, às 00h00.

Ele foi demitido em plena crise do novo coronavírus no Brasil e, nesta quarta-feira (13), fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, Bolsonaro é um dos poucos líderes do mundo que continua diminuindo a gravidade do vírus.

Em entrevista à CNN americana, Mandetta disse que a história vai dizer “quem estava certo e quem estava errado”. Comentou também que Bolsonaro deveria olhar com mais atenção às vidas.

“Infelizmente, ele [Bolsonaro] é um dos poucos líderes que continua mantendo esse discurso de que a economia deve voltar a funcionar de qualquer forma, que a perda dos empregos será pior do que a epidemia, que ficar em casa traz mais problemas do que a doença em si. Essa é a mensagem que ele quer levar às pessoas. Trump, pelo menos, voltou atrás em sua posição de dizer que era simplesmente uma gripe”, disse Mandetta.

Além de criticar a conduta do presidente Jair Bolsonaro, Mandetta também falou sobre sua saída do Ministério da Saúde. Segundo o ex-ministro, não teria condição para permanecer no cargo e que as “opiniões completamente diferentes” em relação ao modo de combater o coronavírus foi uma das razões.

Nós temos opiniões completamente diferentes sobre essa mesma situação e eu não conseguia lidar com ele dizendo para as pessoas voltarem ao trabalho, saírem por aí e não manterem o distanciamento social. Dizendo que era só uma ‘gripezinha‘”.

Mandetta disse que, enquanto ministro da Saúde, seguiu e ouviu especialistas, os governadores, os prefeitos. “As pessoas das universidades e ao redor do mundo, dizendo para as pessoas ficarem em casa, cuidarem dos idosos. Nós estávamos claramente em lados opostos“.

Ele fez o que ele quis fazer, mas a história vai dizer quem estava certo e quem estava errado“, disse Mandetta.

Preocupação com enfrentamento ao coronavírus no Brasil

Quando questionado se estaria preocupado com a capacidade de o Brasil lidar com o vírus, Mandetta se mostrou apreensivo. Numa escala de zero a dez, disse que sua preocupação é dez, pois a crise no país está só começando. “Os números falam por eles mesmos. Estamos subindo cada vez mais no número de mortos”, alertou.

Para o ex-ministro da Saúde, os números de mortos por dia podem aumentar e muito. O Brasil, para ele, pode ser um dos países com mais casos.

“Nesta semana ou na próxima, nós provavelmente vamos chegar a mil mortes diárias. Eu acho que o Brasil pode se tornar o país com um dos maiores números de casos no mundo”, avaliou Mandetta.

Evolução do novo coronavírus no Brasil

Nesta quarta-feira, o Brasil incluiu 749 novas mortes em seus dados, totalizando 13.129 óbitos. Além disso, foram 11.385 novos infectados, num total de 188.974 casos confirmados. O boletim foi divulgado pelo Ministério da Saúde.

Segundo o mapa global da universidade Johns Hopkins, mais atualizado do que o mantido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil passou a França e ocupa a sexta posição em casos confirmados, atrás apenas de Itália (222,1 mil), Espanha (228 mil), Reino Unido (230,9 mil), Rússia (242,2 mil) e Estados Unidos (1,38 milhão).