Maria-fumaça vira atração turística em Morretes e Antonina

por Renata Nicolli Nasrala
com informações da Agência de Notícias do Paraná
Publicado em 22 nov 2020, às 11h08. Atualizado em: 16 mar 2022 às 13h42.

Morretes e Antonina, no litoral do Paraná, ganharam uma nova atração turística que relembra a história das ferrovias do estrado: o trem caiçara, que tem como principal atrativo o passaio com a maria-fumaça Mogul 11, que foi fabricada em 1884 e é a mais antiga locomotiva a vapor em operação regular no Brasil.

Maria-fumaça deve ajudar a fomentar o turismo na região

O projeto da locomotiva maria-fumaça deve ajuda a fomentar o turismo na região, e começou a circular nesta sexta-feira (20), após sair do papel depois da formalização de um protocolo de intenções entre o Governo do Estado e a empresa Rumo Logística para a revitalização da ligação férrea.

Além disso, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), entidade sem fins lucrativos que promove a conservação do patrimônio histórico ferroviário brasileiro, é a responsável pela operação.

Maria-fumaça litoral paraná
Foto: AEN

Os horários para andar na Maria-fumaça são aos sábados e domingos, e o passeio inclui um percurso de 16 quilômetros em meio à Mata Atlântica, cruzando áreas de rios e manguezais, além de propriedades rurais que margeiam a ferrovia entre os municípios.

Por causa pandemia, estão sendo tomadas todas as medidas de prevenção indicadas pelo governo e pela Organização Mundial da Saúde, e as locomotivas circularão com metade da capacidade para respeitar o distanciamento social. Também é obrigatório o uso de máscara para fazer o passeio.

As saídas acontecem duas vezes ao dia em cada uma das estações, às 9h30 e às 14h30 em Antonina, e às 11h e às 16h em Morretes.

O retorno ao ponto de partida se dá via transporte rodoviário, sendo possível a compra da passagem junto ao ingresso. Na alta temporada, de dezembro a janeiro, também haverá opções de viagens às sextas-feiras.

“É uma verdadeira oportunidade para pessoas de todas as idades conhecerem e reviverem os tempos áureos da ferrovia. As últimas excursões que transportaram turistas usando a linha foram na década de 1990, e apenas em datas comemorativas”, diz Rodrigo Dolenga, diretor da ABPF.

Investimentos

Para viabilizar o projeto, a ABPF investiu mais de R$ 500 mil no restauro da maria-fumaça e R$ 200 mil nos carros de passageiros, que contam com 120 lugares cada um.

Mais de R$ 700 mil foram destinados pela Rumo, responsável pela administração da ferrovia, para a revitalização do trecho, viabilizado após assinatura do protocolo de intenções com o Governo.

“Estamos felizes em fazer parte deste momento de resgate da memória ferroviária no estado do Paraná. A comunidade poderá conhecer de perto duas importantes cidades do Litoral, dando um novo significado para um trecho que ainda tem muitas boas histórias para contar”, diz Guilherme Penin, diretor de Regulatório e Relações Institucionais da Rumo.

História

O trecho que terá circulação do Trem Caiçara faz parte da Estrada de Ferro Dona Isabel, criada pelos irmãos Rebouças, engenheiros que receberam autorização em 1871 para a construção de uma ferrovia ligando o Porto de Antonina à cidade de Curitiba.

trem maria fumaçã

Em 1875, o marco zero da via férrea foi transferido de Antonina para Paranaguá. O histórico ramal de Antonina foi aberto pela Estrada de Ferro Paraná em 1892, como mais uma opção para o desenvolvimento das cidades no escoamento de riquezas da região.

Nesse contexto, o Trem Caiçara evoca aos turistas o ano de 1892, quando ocorreu a inauguração da ferrovia Dona Isabel – obra de grande importância para o desenvolvimento de Antonina e Morretes. À frente do passeio está uma centenária locomotiva a vapor: a Mogul de número 11, fabricada no ano de 1884 pela Baldwin Locomotive Works.

A maria-fumaça foi a primeira adquirida pela Estrada de Ferro Paraná para operar na Ferrovia Paranaguá – Curitiba, sendo utilizada até o final da década de 1950.

Em 1965, em comemoração aos 80 anos da ferrovia, a maria-fumaça foi escolhida para ser preservada devido a seu número 11, em homenagem a 11ª divisão da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).