Por Daina Beth Solomon e Alexandra Ulmer

DEL RIO, Texas/CIUDAD ACUNA, México (Reuters) – Autoridades dos EUA retiraram migrantes neste domingo, de avião, de uma cidade fronteiriça do Texas onde milhares de pessoas, majoritariamente haitianos, haviam se reunido debaixo de uma ponte depois de cruzar o rio Rio Grande vindo do México.

Jornalistas da Reuters viram um ônibus branco escoltado por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) entrar no aeroporto de Del Rio e, em seguida, um grupo embarcando em um avião da Guarda Costeira. Uma fonte policial disse que as pessoas eram migrantes e uma fonte familiarizada com as operações do aeroporto disse que a aeronave estava indo para El Paso, no Texas.

Enquanto isso, Tom Cartwright, do grupo de defesa Witness at the Border, que rastreia os voos do órgão de imigração e fiscalização alfandegária (ICE) dos EUA, disse à Reuters que três voos deixaram o Texas –um de Laredo e dois de San Antonio– no domingo levando haitianos para o Haiti.

Os porta-vozes do ICE não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

O Departamento de Segurança Interna (DHS) anunciou no sábado que estava acelerando as deportações para o Haiti, enviando mais agentes do CBP para a área e adotando outras medidas para enfrentar o desafio humanitário e político representado por milhares de pessoas abrigadas em condições cada vez mais miseráveis ​​sob a ponte que liga Del Rio com Ciudad Acuña no México.

Autoridades de ambos os lados da fronteira disseram que a maioria dos migrantes era do Haiti.

A Reuters viu uma dúzia de policiais no lado norte-americano da fronteira no domingo, alguns a cavalo. Um helicóptero do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS) circulou no alto.

O haitiano Jean Agenord, sua esposa chilena Makarena Vines e seu filho de 17 meses foram impedidos de cruzar no domingo.

Agenord, com os braços apoiados em uma caixa de papelão e os pés ainda na água, disse à Reuters que a família gastou todo o dinheiro e não tinha onde ficar no México.

“Não posso cruzar aqui, não posso cruzar ali”, disse ele. “O que eu vou fazer?”.

O casal perguntou aos habitantes locais se eles conheciam um lugar para ficar no México, dizendo que tentariam atravessar novamente.

O aterro do lado do México estava repleto de garrafas de água e caixas de entrega, sinais das muitas pessoas que cruzaram o rio para os Estados Unidos para aguardar o processamento da imigração. Os migrantes estavam voltando ao México para comprar suprimentos para levar para o acampamento sob a ponte, mas pareciam não poder mais fazê-lo no domingo.