Montanhistas denunciam degradação de prédios históricos do Parque Estadual do Marumbi, em Morretes

por Mônica Ferreira
com supervisão de Rodrigo Sigmura
Publicado em 20 ago 2021, às 15h57. Atualizado em: 23 ago 2021 às 13h30.

A Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam) denunciou ao Ministério Público do Paraná a degradação de prédios históricos do Parque Estadual do Marumbi. No ofício protocolado, a entidade pede a restauração e preservação das estações ferroviárias Marumbi e Engenheiro Lange, localizadas em Morretes, no litoral do estado.

Apesar dos imóveis serem usados pelas empresas, as estações não passam por manutenção ou conservação, e colocam em risco a vida de usuários de trem e funcionários das empresas, conforme a Fepam.

“Para os montanhistas as estações têm um valor histórico-cultural. Foram dali que partiram os trens para as escaladas. As estações representam um ponto de encontro dos montanhistas para as escaladas e aventuras. É difícil ver isso tudo sendo deteriorado por falta de cuidados”,

afirma o presidente da Fepam, Marcio Hoepers.

O Corpo de Socorro em Montanhas (COSMO), a Fundação João José Bigarella, o Clube Paranaense de Montanhismo, a Associação Montanhistas de Cristo, Associação nas Nuvens Montanhismo e o Clube União Marumbinismo e Escalada também assinaram o documento.

O Ministério Público do Paraná (MPPR) informou ao RIC Mais que “por meio do Gaema Litoral, recebeu a representação da Fepam e a juntou ao Procedimento Administrativo já em trâmite e que trata de apuração relacionada à situação da estrada de ferro que liga Paranaguá a Curitiba, das condições de segurança da malha ferroviária e da preservação do entorno da estrada. No âmbito desse procedimento, que está em fase inicial de apuração, serão avaliadas as providências cabíveis junto aos órgãos responsáveis.”

O Instituto do Patrimônio Histórico e artístico do Paraná precisa autorizar essas reformas.

Valor cultural e histórico

Reerguidas no século XX, as estações ferroviárias Engenheiro Lange e Marumbi têm importância arquitetônica e histórico-cultural para a sociedade paranaense pois serviram àqueles que trabalhavam às margens da ferrovia. Elas estão localizadas, respectivamente, nos km 55,9 e km 59,6 da linha Curitiba – Paranaguá.

Para o montanhismo, os imóveis fizeram parte do desenvolvimento dessa atividade desportiva no país.

A primeira estrutura da estação Engenheiro Lange foi de 1885. Em 1904, no local da estação havia um rancho para depósito de material, duas casas de turma e uma rancho da ferraria. Em 1925, a estação passou a chamar Engenheiro Rudolph Lange, responsável pelos projetos importantes da ferrovia. Em 1935, o prédio de madeira foi desmanchado e substituído por um de alvenaria. Em 1940, o prédio foi substituído pelo prédio atual.

A estação do Marumbi foi aberta com a linha em 1885 e, em 1940, foi construída a estação atual. Hoje, serve como ponto de apoio para escaladores.

Outro lado

Em nota, a Rumo Logística informou “que está em tratativas com fornecedores que possam executar a reforma da Estação do Marumbi, atendendo as especificações do Iphan, para as melhorias em relação ao patrimônio tombado. Já em relação a Estação do Lange, a concessionária esclarece que a estrutura não está vinculada ao contrato de arrendamento, sendo a administração do imóvel de responsabilidade do DNIT.”

A Serra Verde Express também se posicionou sobre o caso. Leia a nota na íntegra:

“Em relação à demanda deste veículo informamos que, seguindo os protocolos de segurança recomendados pelas autoridades de saúde, o projeto de recuperação da Estação Engenheiro Lange, em Morretes, foi suspenso durante a pandemia. Com o avanço da vacinação e liberação gradual das atividades no Paraná, o projeto será retomado a partir do mês de setembro, assim como serão iniciadas as obras para reforma do telhado que sofreu degradação por ação da natureza, nesse período. O projeto completo consiste na transformação do espaço em Museu da Grande Reserva da Mata Atlântica, que terá acesso rodoviário e ferroviário, e grande potencial turístico e educacional para o nosso estado.”

A reportagem do RIC Mais também procurou o Ministério da Infraestrutura, o qual informou que não tem competência sobre o caso e recomendou que a Agência Nacional de Transportes Terrestres fosse procurada.

Em nota a ANTT prestou alguns esclarecimentos. Confira na íntegra.

“No Parque Estadual do Marumbi há ativos arrendados (em uso) pela Rumo Malha Sul S/A, assim como bens não arrendados e também alguns ativos direcionados à SPU [Superintendência do Patrimônio da União no Paraná] Portanto, para uma resposta mais precisa é necessário saber a quais bens se refere a denúncia.
Adiantamos que a Estação do Marumbi consta como ativo arrendado à Rumo, e a concessionária está em tratativas com fornecedores que possam executar a sua reforma, atendendo as especificações do Iphan para as melhorias em relação ao patrimônio tombado. Já em relação à Estação do Lange, a concessionária esclarece que a estrutura não está vinculada ao contrato de arrendamento, sendo a administração do imóvel de responsabilidade do DNIT.”