Cacique Emyra Wajãpi morreu afogado, diz laudo do MPF

Publicado em 17 ago 2019, às 00h00.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal no Amapá informaram nesta sexta-feira (16) que o cacique Emyra Wajãpi, de 62 anos, morreu por afogamento. O acidente aconteceu em um rio que corta a Terra Indígena Wajãpi.

Laudo descarta assassinato do cacique Emyra Wajãpi

O laudo descartou a suspeita que o cacique Emyra Wajãpi teria sido assassinado a facadas. A versão de que ele havia sido morto por garimpeiros foi inicialmente sustentada pelo conselho das aldeias local.

Após a exumação do cadáver, um laudo elaborado pela Polícia Técnico-Científica do Amapá atestou que não havia perfurações no corpo do cacique Emyra Wajãpi, tampouco ferimentos compatíveis com faca. Dois médicos legistas descartaram ainda asfixia ou enforcamento. Sem sinais de morte violenta, os investigadores tratam o caso como um acidente.

“As informações do laudo, em conjunto com as demais diligências já realizadas, reforçam a hipótese de que não houve homicídio no caso“, disse ao jornal O Estado de S. Paulo a procuradora Lígia Cireno Teobaldo.

Investigação trabalha com morte acidental

“Até o momento, todos os elementos indicam que a narrativa inicial (de invasão de um grupo fortemente armado de garimpeiros que teria ocupado a terra indígena e assassinado uma liderança em um conflito violento) não ocorreu de fato, e a investigação passa agora a trabalhar prioritariamente com a hipótese de morte acidental.”

As denúncias de uma suposta invasão da reserva por garimpeiros provocaram repercussão internacional, no momento em que o presidente Bolsonaro defendeu alterar a legislação para legalizar a exploração do garimpo em terras indígenas.

As investigações sobre a morte do cacique Emyra Wajãpi prosseguem, sobretudo, para buscar provas de garimpo ilegal na terra Wajãpi. O Estadão não conseguiu contato ontem com lideranças Wajãpi, tampouco com o conselho das aldeias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.