Motociclista é quem mais morre no trânsito de Curitiba, mostra relatório
Curitiba registrou 181 mortes no trânsito em 2020. O total foi de 178 acidentes – houve três ocorrências com dois óbitos cada. A principal vítima foi o motociclista – 69 perderam a vida no trânsito, o correspondente a 38,1% de todas as mortes.
Entre os óbitos aparecem, ainda, 65 pedestres, 29 ocupantes de automóvel e 15 ciclistas. Uma das vítimas fatais estava em um caminhão e outras duas em ônibus. Os dados constam em relatório com a análise do Programa Vida no Trânsito (PVT), coordenado de forma conjunta pelas secretarias municipais da Saúde e de Defesa Social e Trânsito.
Apesar da redução de 41,6% nas mortes registradas na capital na última década, no ano passado houve aumento de 7% na comparação com o ano anterior, quando foram 169 mortes.
“Mesmo com menos veículos nas ruas em decorrência da pandemia de covid-19, 2020 infelizmente registrou aumento no total de acidentes fatais e a imprudência pode ter sido um fator decisivo para este resultado”,
aponta a superintendente de Trânsito, Rosangela Battistella.
“Este é mais um motivo pelo qual estamos reduzindo o limite de velocidade permitido em diversas ruas da cidade”, acrescenta a superintendente.
Perfil das vítimas
A observação da distribuição percentual dos óbitos por tipo de acidente corrobora com o apontado sobre tipo de vítima. Entre os acidentes mais ocorridos em 2020 estão o atropelamento, representando 35,4%, e a colisão (entre quaisquer tipos de veículo), 39,2% como tipo de acidente que ocasionou óbitos.
Na análise dos óbitos por faixa etária e sexo, é possível apontar o homem jovem (20 a 29 anos) como a principal vítima fatal. Dos 45 óbitos ocorridos nesta faixa etária em 2020, 42 foram de pessoas do sexo masculino.
“Em 2020, a taxa de mortalidade, que indica o risco de morrer por um agravo, está distribuída de forma semelhante entre algumas faixas etárias do adulto e do idoso”, explica Anna Rosa Ruzyk, integrante da Comissão de Coleta, Análise e Gestão da Informação do PVT. Destacam-se as faixas etárias de 80 anos e mais com uma taxa de 17,6 para 100 mil habitantes, de 20 a 29 anos com 15,3/100 mil hab e de 70 a 79 anos com 12,6/100 mil hab.
Em relação aos dias da semana em que mais ocorreram os acidentes fatais, levando em consideração o número de óbitos, é possível observar o sábado e a terça-feira. Quanto ao horário do dia, destaca-se a noite, principalmente na faixa horária das 18h e das 20h.
Ruas mais seguras
O PVT é a denominação no Brasil do Projeto Road Safety in Ten Countries (“RS-10”). O programa agora entra em sua segunda década, com o objetivo de reduzir em 50% as mortes no trânsito, tendo como parâmetro os dados do último ano. Tem suporte da Organização Panamericana de Saúde (Opas), com o apoio da OMS.
Compõem o Comitê de Análise de Acidentes oficiais do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Batalhão de Polícia Rodoviário (BPRv); engenheiros de trânsito, agentes de educação e fiscalização da Setran, médico do Siate, perito do Instituto de Criminalística, representante da Urbs, representante da Secretaria de Estado da Saúde (PVT Estadual) e técnicos da Secretaria Municipal da Saúde. A partir deste ano contará com apoio da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran).
Visão Zero e mobilidade segura
“A promoção da mobilidade segura e sustentável é prioridade para a Prefeitura de Curitiba”, afirma o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur.
Dentro deste contexto, o município tem em curso uma série de projetos e ações para reduzir ao máximo o número de acidentes, com foco no conceito Visão Zero pactuado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao New Development Bank (NDB), organismos parceiros da Prefeitura no financiamento dos projetos de transporte, e pela melhoria da qualidade dos deslocamentos nos mais diversos modais por toda a cidade.
“Fazem parte deste processo os projetos de evolução do transporte público, com o Inter 2 e BRTs Norte-Sul, Leste-Oeste e a promoção da intermodalidade como um dos vetores de desenvolvimento, com novas centralidades, calçadas acessíveis – inclusive com vistas à mobilidade de gênero e a ampliação da malha cicloviária”,
explica o presidente do Ippuc.
De acordo com Jamur, é um conjunto de intervenções que envolve todos os órgãos da municipalidade desde o planejamento urbano, pelo Ippuc, obras de pavimentação pela Smop, sinalização e segurança viária, pela Setran, entre outras medidas para a preservação da vida no espaço urbano.