OMS critica "vasto déficit global" de recursos para combater o coronavírus
GENEBRA (Reuters) – Há um “vasto déficit global” entre os recursos necessários para enfrentar a pandemia de coronavírus e o montante comprometido, disse o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta segunda-feira, e a OMS tem apenas 10% do que precisa.
Mais de 19,92 milhões de pessoas já tiveram a infecção pelo coronavírus confirmada no mundo e 729.883 morreram, de acordo com contagem da Reuters.
Infecções foram registrados em mais de 210 países e territórios desde que os primeiros casos foram identificados na China, em dezembro de 2019.
“Os próximos três meses serão uma janela de oportunidade crucial para intensificar o impacto global do Acelerador ACT (iniciativa internacional para a produção de vacinas)”, disse Tedros, em entrevista coletiva em Genebra, se referindo à iniciativa “Acesso às Ferramentas da Covid-19”.
“No entanto, para aproveitar esta janela, precisamos ampliar fundamentalmente a maneira como estamos financiando o Acelerador ACT e dar prioridade ao uso de novas ferramentas. Há um vasto déficit global entre nossas ambições para o Acelerador ACT e a quantidade de recursos comprometidos.”
Ele disse que a OMS tem apenas 10% do financiamento de bilhões de dólares exigido.
“Apenas para as vacinas, mais de 100 bilhões de dólares serão necessários”, disse Tedros. “Parece muito dinheiro e realmente é.”
“Mas é pouco em comparação com os 10 trilhões de dólares que já foram investidos por países do G20 em pacotes de estímulo fiscal para lidar com as consequências da pandemia até agora”.
Ele disse, no entanto, ver alguns sinais de esperança.
“Nunca é tarde demais para dar uma reviravolta na pandemia”, afirmou Tedros.
Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, disse que o coronavírus é simples, brutal e cruel.
“É brutal na sua simplicidade, brutal em sua crueldade, mas não tem um cérebro”, disse. “Nós temos os cérebros… podemos ser mais espertos que algo que não tem cérebro, mas não estamos fazendo um grande trabalho até agora.”
Ryan disse que o Brasil está registrando entre 50.000 e 60.000 casos por dia. “O Brasil está mantendo um nível muito alto da epidemia, a curva está um pouco achatada, mas não está caindo, e o sistema está muito pressionado.”
“Nessa situação, a hidroxicloroquina não é uma solução nem uma bala de prata”, acrescentou, se referindo ao remédio contra malária que o presidente Jair Bolsonaro tem encorajado os brasileiros a tomarem contra a Covid-19.
(Por Stephanie Nebehay, Michael Shields e John Miller)