Partido russo pró-Putin obtém maioria após repressão, e rivais veem fraude

Publicado em 20 set 2021, às 09h45. Atualizado em: 8 mar 2022 às 11h47.

Por Andrew Osborn e Gabrielle Tétrault-Farber

MOSCOU (Reuters) – O partido governista Rússia Unida, que apoia o presidente russo Vladimir Putin, conquistou uma maioria parlamentar enfática depois que seus críticos mais contundentes foram impedidos de concorrer em uma eleição que oponentes disseram ter sido maculada por uma fraude de larga escala.

Com 98% das urnas apuradas nesta segunda-feira, a Comissão Eleitoral Central disse que o Rússia Unida havia conquistado quase 50% dos votos e que seu rival mais próximo, o Partido Comunista, havia ficado pouco abaixo dos 20%. O Rússia Unida ficou com 54% dos votos em 2016, a última ocasião em que uma eleição havia sido realizada.

A escala da vitória significa que o Rússia Unida terá mais de dois terços dos deputados da Duma, a câmara baixa de 450 cadeiras do Parlamento, o que lhe permitirá continuar a impulsionar leis sem depender de outros partidos.

O Kremlin comemorou o resultado, dizendo que a sigla que Putin ajudou a fundar confirmou seu papel de liderança partidária e que a eleição foi competitiva, aberta e honesta.

“Os comunistas melhoraram seus resultados e há novos partidos que se saíram bem”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que louvou a maneira como a votação foi realizada.

Críticos do Kremlin alegaram uma fraude eleitoral de grande porte, dizendo que a eleição foi uma farsa e que um sistema de votação eletrônica recém-adotado foi usado para privar os oponentes do Rússia Unida de uma vitória em Moscou.

Alguns comunistas moscovitas que se sentiram enganados convocaram um protesto na capital russa na noite desta segunda-feira. A praça central que escolheram como local foi isolada pela polícia na tarde local desta segunda-feira.

“Com um número tão colossal de violações, os resultados das eleições da Duma não podem ser reconhecidos como limpos, honestos ou legítimos”, disse Lyubov Sobol, um aliado de Alexei Navalny, um crítico do Kremlin atualmente preso cujo movimento um tribunal declarou ser extremista em junho.

As autoridades eleitorais disseram ter anulado qualquer resultado em seções eleitorais em que houve irregularidades óbvias e que a disputa geral foi justa.

Os aliados de Navalny organizaram uma campanha de voto útil concebida para minar o apoio ao Rússia Unida, cuja popularidade está mais baixa do que costumava ser por causa do descontentamento com a queda do padrão de vida e das alegações de corrupção de Navalny. As autoridades tentaram impedir a iniciativa do voto útil pela internet

(Reportagem adicional de Maria Tsvetkova, Polina Nikolskaya, Tom Balmforth, Anton Zverev e Dmitry Antonov)

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