Polícia conclui inquérito do caso Agda, que foi morta pelo marido em Araucária
Josenei Ratier foi indiciado pelo femínicidio da esposa Agda do Rocio Mendes e pela tentativa de homícidio do filho adolescente. O inquérito policial foi concluído em menos de uma semana. O crime aconteceu na noite de sábado, dia 20 de fevereiro, na casa da família, no bairro Capela Velha, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba.
Um crime brutal, que chocou pela violência de alguém que tinha a promessa de amor e o dever de cuidado. Nei e Agda foram casados por 18 anos, tiveram dois filhos, um adolescente de 17 anos e um garoto de 5 anos. E até esse episódio demonstravam ser um casal feliz.
Um casal de amigos bem próximos deles contam que nunca presenciaram uma cena de violência. “Eu acho que esse tipo de crime é motivado um pouco mais pela bebida, foi um deslize, aquele momento em que o pensamento vem e você não consegue segurar a tua atitude, porque não havia motivos”, comenta Hudson.
Já Luana, afirma que a amiga nunca reclamou de nada: “Nós estavamos sempre juntos, ela nunca apareceu com uma mancha roxa, ela nunca reclamou nada. E ela era brava, se ele levantasse a mão para ela, jamais a família dela ia permitir”.
Ela explica que ele era rígido com os filhos: ” Ele não aceitava, de forma alguma, que o mais velho falasse alto com a mãe. Muito rígido com o pequeno também”. Ela conclui dizendo que Nei era um pai que dava amor aos filhos: “Um pai muito amoroso, muito carinhoso.”
O Balanço Geral entrou na casa família, onde o crime aconteceu. Assista!
Já a família de Agda tem uma versão diferente do relacionamento do casal. O irmão dela, César Mendes Soares, conta que ela já tinha sido agredida pelo marido. Em uma das vezes, ele explica que Agda precisou usar óculos escuros para esconder os hematomas. O irmão também explica o motivo de Agda não ter denunciado o marido: “Sei lá se por medo, ou vergonha talvez, nunca procurou uma delegacia para fazer uma denúncia e tal. Mas, inclusive, há alguns meses, ela teve que ir com as crianças na casa de uma outra irmã nossa, porque ele já tinha feito uma ameaça de morte para ela”.
Nei se apresentou com advogado na delegacia na segunda-feira, quase 48 horas depois do crime. Mas, como a Polícia Civil ainda não tinha inquérito instaurado, Nei foi orientado a voltar na quarta-feira. Então, na delegacia, quatro dias depois do crime, ele relatou que não se lembrava de ter agredido os filhos e menos ainda de ter esfaqueado a mulher. ” Ele se recorda, segundo o depoimento, só de empurrar os filhos”, comentou o advogado de defesa dele, Rodrigo Dantas.
Interrogatório
A RIC TV Record teve acesso, com exclusividade, a alguns trechos do interrogatório dele. Em um dos trechos ele diz que deu um tapa no filho, no momento em que discutia com a esposa sobre um comentário que ele teria feito durante a noite com os amigos: “Ele disse para ela que era apenas uma piada, que tivesse calma, quando nisso veio seu filho de 5 anos, e acabou dando um tapa nele (não lembra o porque), pois estava discutindo com sua esposa, e acabou seu filho levando um tapa sem querer.”
Ele ainda disse que também empurrou o filho mais velho, sem querer. “E não lembra porque ele entrou no meio, mas devia ser para apartar pois estavam discutindo, que empurrou seu filho, mas não tinha intenção de machucá-lo“, conforme consta no interrogatório.
Sobre a agressão a esposa, ele contou à polícia que apenas a viu no chão, ferida: “não lembra, mas quando se deu conta sua esposa estava no chão, e viu o que tinha acontecido, e, lembrando que saiu do local, e sem destino, não sabendo o que tinha feito”, diz o trecho do relato, no inquérito policial.
Para o advogado da família, Rodrigo Riquelme, Nei é uma pessoa perigosa, que pode até fazer mal aos filhos. “Acredito que o grau de periculosidade dele enseja sim uma prisão cautelar. Porque o filho, de 16 anos, só não foi morto por uma intervenção da mãe. E ele bateu sim no filho de 5 anos. Eu tenho duas crianças presas em casa e um assassino solto na rua.”
Já o advogado de defesa, Rodrigo Dantas, afirma que Nei quer ser punido pela destruição da família, quer ser preso e também gostaria do perdão dos filhos. “Ele esta aguardando a prisão dele e, assim que pedirem, ele vai se apresentar, sem nenhuma objeção. O que ele quer é pagar pelo que ele cometeu“, diz Dantas.
O caso já está com o Ministério Público do Paraná. Ainda faltam alguns documentos no inquérito, como o laudo de necropsia, que detalha os ferimentos, a causa da morte e o local onde a vítima foi encontrada. Mas o MPPR que deve oferecer a denúncia nos próximos dias, tão logo a documentação esteja completa no processo.