A advogada morreu em Guarapuava após cair do apartamento onde vivia com o marido; a polícia suspeita de feminicídio
A Polícia Civil e o Instituto de Criminalística realizaram, na noite desta sexta-feira (28), a perícia no local onde a advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi encontrada morta após cair do 4º andar no domingo (22) em Guarapuava, no centro-oeste do Paraná.
Perícia no apartamento em Guarapuava
A Rua Senador Pinheiro Machado, onde fica o edifício, foi isolada ainda no início da noite e todos os moradores do prédio retirados para a realização da perícia. O trabalho dos agentes iniciou por volta das 19h e foi finalizado aproximadamente às 21h30. Durante esse tempo, foram realizadas três simulações de queda.
Um boneco com o mesmo peso e altura de Tatiane foram usados como base durante os testes. De acordo com a polícia, a análise não foi propriamente a reconstituição simulada dos fatos ocorridos no domingo por não contar com a participação de testemunhas e do principal suspeito da morte, o marido dela. Mas tinha o objetivo de comparar as informações recolhidas com o depoimento de Luis Felipe Manvailer, de 32 anos, e entender como a vítima caiu da sacada em queda livre de uma altura de 22 metros.
Na primeira simulação, segundo o depoimento de Luis, a boneca foi colocada como se estivesse pendurada na sacada, nesse caso a vítima teria caido na sacada, que dá acesso a uma academia.
Na segunda tentativa, a boneca foi novamente posicionada como se estivesse pendurada, e dessa vez, a queda foi mais intensa, fazendo com ela batesse na sacada de acesso da academia e caísse nas escadarias.
A terceira reprodução, simulou a vítima sendo jogada da sacada, nesse caso, o boneco caiu na calçada, onde Tatiane teria caído no dia de sua morte.
Aproximadamente 20 policiais acompanharam o trabalho e, no apartamento, delegados, peritos e investigadores trabalhavam em cerca de 15 pessoas.
O resultado da análise pericial que deve concluir se a jovem se jogou da sacada ou foi empurrada será anexado ao inquérito sobre a morte da advogada. A polícia ainda espera o resultado de laudos, do Instituto Médico Legal (IML), que comprovem se a causa mortis foi provocada pela queda ou não.
Leia mais: Advogada que caiu de prédio vivia em relacionamento abusivo, diz MP
Suspeita feminicídio
Com base nas investigações da Polícia Civil, o Ministério Público do Paraná diz que a advogada de Guarapuava vivia um relacionamento abusivo. De acordo com o pai, que a família tinha conhecimento de que Tatiane queria o divórcio porque suspeitava que estava sendo traída e que a opção não era aceita por Luis.
Gustavo Scandelari, advogado da família de Tatiane, em conversa com a imprensa, na quinta-feira (26), disse que o modo como o corpo foi encontrado e as características da arquitetura do prédio onde o casal morava não indicam que Tatiane possa ter se atirado da sacada do quarto andar e também afirmou que a advogada não apresentava comportamento depressivo que indicasse que poderia tirar a própria vida.
Luis Manvailer segue preso preventivamente na Penitenciária Industrial de Guarapuava, por ser considerado o único suspeito da morte da esposa. Ele negou à polícia que tenha jogado a esposa.
As imagens de câmeras de segurança do prédio revelam que Luis arrastou Tatiane para dentro após a queda, deixando rastros e pegadas de sangue pelo caminho. Na sequência, ele deixou o local utilizando o carro da esposa, se envolveu em um acidente e foi preso em São Miguel do Iguaçu, no oeste do estado, quase na fronteira com o Paraguai. “Da onde eu tava de cima, não dava para ver o corpo dela, porque ela caiu do lado do meu carro. Nisso, eu vi que o Luis Felipe saiu chorando de lá.. não sei o que ele foi fazer. Eu desceu correndo e foi aí que eu chamei o bombeiro. O bombeiro não atendeu e, aí, eu falei para ele: ‘deixa aí que eu to chamando o bombeiro’. Ele me olhou e disse: “Não adianta, ela já está morta”, contou uma testemunha à equipe de reportagem da equipe da RICTV Curitiba |Record PR.
Defesa do marido da advogada
Claudio Dalledone Júnior, advogado de defesa, tentou transferir a data da perícia para outro dia. Segundo ele, o procedimento não foi informado com antecedência e isso impossibilitava o comparecimento de representantes do suspeito no local, já que o escritória de advocacia fica sediado em Curitiba, na capital do Paraná. No entanto, o pedido foi negado pela Justiça.
A defesa ainda sustenta a versão de Luis, de que a jovem teria se jogado da sacada e tirado a própria vida.
Assista ao vídeo sonbre a perícia realizada no apartamento de Tatiane:
O Balanço Geral Curitiba foi até Guarapuava para cobrir todos os detalhes e procedimentos.
*Com informações de Daniel Santos, da RICTV Curitiba
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