Ponte de ferro entre Lapa e Campo do Tenente é interditada e gera problemas
A ponte de ferro da PR-427, que liga Campo do Tenente à Lapa, no sul do Paraná, foi emergencialmente interditada nesta sexta-feira (02). Durante uma fiscalização de rotina, técnicos do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) constataram uma fissura na pista de rolamento. Com isto, houve a necessidade da interdição para avaliar o tamanho do dano e se fazer apenas um reparo será o suficiente ou não para manter o tráfego com segurança no local. O DER só deverá fazer esta avaliação na segunda-feira (05).
Durante a tarde, uma equipe do DER interditou a ponte colocando montes de pedras britas nas entradas, para impedir a passagem de qualquer veículo. No início da noite, a ponte estava sendo sinalizada também com placas. Até que a ponte seja liberada, o tráfego deve ser desviado por outras estradas, o que exige um deslocamento muito maior. As alternativas de ligação entre as cidades são pela Estrada do Rio dos Patos, que sai em Quitandinha ou pela Estrada do São Bento, na ponte da Fazendinha que liga a Lapa a Rio Negro.
Problemas
Para quem mora na região, a falta da ponte gera diversos problemas sociais e econômicos. O mais urgente deles, aparentemente, vem da área da saúde. O município de Campo do Tenente tem 50 gestantes sendo acompanhadas pelo sistema municipal de saúde. A preocupação da secretária de saúde da cidade, Solange Azzolini Costabile, é a de que alguma delas entre em trabalho de parto. A cidade não possui hospital e nem maternidade e depende das instituições nas cidades vizinhas. Têm apenas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Solange explica que gestantes de alto risco têm como referência o Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo. Estas precisam, de qualquer forma, seguir de carro pela BR-116 e, se necessário, já são levadas com antecedência para internação. Já as gestantes que não são de alto risco têm como referência o Hospital São Sebastião, na Lapa. E é para elas que mora o perigo.
Pela ponte de ferro, as gestantes percorrem apenas 35 quilômetros para chegar ao hospital e terem o parto de forma segura. Mas se precisarem seguir por outras estradas, as distâncias podem chegar a mais de 100 quilômetros. Uma das opções mais “curtas”, pela Estrada da Fazendinha, é uma estrada de chão, o que não é nada indicado para uma gestante em trabalho de parto. Até o início da noite desta sexta-feira (02), Solange estava em tratativas com a Regional Estadual de Saúde, para ver o que pode ser feito caso alguma gestante que não é de alto risco entre em trabalho de parto da cidade.
Economia e sociedade
O prefeito de Campo do Tenente, Weverton Willian Vizentin, explicou que a cidade pode sofrer impactos econômicos por causa da ponte interditada. Ele diz que por ali passam muitos caminhões, vindos das regiões norte e oeste, seguindo sentido os estados do sul. “Eles não vão até Curitiba, para de lá pegar a BR-116 sentido sul. Eles já cortam aqui por Campo do Tenente e utilizam a ponte pra isso. Por causa desse fluxo, temos muitos restaurantes e postos de combustíveis aqui na cidade, que podem ficar parados sem este movimento.
A cidade ainda tem muitos moradores que trabalham na Lapa e cidades próximas e vice-versa, e que utilizam a ponte como caminho diário. “Só na prefeitura temos pelo menos sete funcionários que moram do outro lado da ponte”, afirmou o prefeito.
DER
O DER informou que já providenciou uma vistoria técnica quanto à situação da ponte, que será realizada o mais breve possível, e a partir da qual será definido se veículos de passeio serão liberados ou se ela permanecerá totalmente fechada. E que também já está em tratativas internas a contratação de um laudo técnico quanto a uma solução para o dano verificado.
O prefeito da cidade contou que, em março, já tinha iniciado conversas com o DER para verificar o que poderia ser feito com a ponte, visto que há tempos ela dava sinais de desgaste. Mas conforme o prefeito ouviu do DER, não era interesse do Departamento reformar mais a ponte e, sim, construir uma nova. Mas, claro, não seria algo em breve. Seria um projeto para daqui dois ou três anos.
Histórica
A região era uma antiga rota de tropeiros entre Viamão (RS) e Sorocaba (SP), onde eles paravam em Campo do Tenente como pouso. A ponte inicialmente foi erguida em 1884 como via ferroviária, por cima do Rio da Várzea, por onde se escoavam diversas cargas, principalmente madeira e mate.
Após a emprega Compagnie Génerale Chemins de Fér Brésilien delimitar e inaugurar um novo traçado ligando Lapa a Rio Negro, excluiu a passagem da referida linha férrea e o então emancipado município Campo do Tenente da Rota. Foi por isto que, em 1964, ela deixou de ser utilizada como ferrovia e foi adaptada para ser rodoviária, com a colocação de placas de concreto armado por cima dos trilhos do trem. Por isto ela é estreita e passa apenas um veículo por vez.
Assim a linha férrea deu lugar à rodovia estadual PR-427, denominada de Rodovia Antônio Lacerda Braga. Os prefixos PR “caracterizam” uma rodovia de jurisdição estadual e o prefixo “4” caracteriza uma rodovia de ligação. neste caso, ela liga as rodovias BR-166 e BR-277.