Porcos são responsáveis por gerar energia em Entre Rios do Oeste; entenda!
Porcos geram energia para o município de Entre Rios do Oeste, no oeste do Paraná, desde a última quarta-feira (26).
Na cidade, 72 prédios da prefeitura são abastecidos com energia elétrica gerada pelos dejetos de 40 mil suínos de criadores da região.
Porcos geram energia em 72 prédios de Entre Rios do Oeste
De acordo com o presidente do CIBiogás, a iniciativa partiu de uma parceria entre o poder público com o parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a empresa CIBIogás, já que todos viram o método como uma oportunidade para diminuir a poluição ambiental na região.
Apesar de pequena, Entre Rios do Oeste conta com uma criação de mais de 150 mil suínos.
Dessa maneira, com o projeto de geração de energia, cerca de 215 toneladas por dia de dejetos de 18 propriedades rurais passaram a ser tratados, servindo de matéria-prima para a produção do biogás, usado na geração elétrica.
A princípio, o esquema é razoavelmente simples: os dejetos são recolhidos e acondicionados em biodigestores. Em seguida ocorre a decomposição desse material por bactérias, gerando o biometano. O gás é transportado por gasodutos até o local da geração de energia. A queima do material, aciona um gerador que produz eletricidade.
Economia e solução ambiental
Ainda conforme Rodrigo Régis Galvão, a energia produzida é “vendida” para a prefeitura, gerando recursos para os produtores.
“Esse resíduo acaba poluindo o solo, os lençóis freáticos e inclusive os rios que acabam desembocando no reservatório de Itaipu. Com isso, o projeto busca transformar um problema ambiental em um ativo econômico”.
Com 480 kW de potência instalada, a energia produzida na usina é vendida para a Companhia Paranaense de Energia (Copel), financiadora da iniciativa e que desconta o total produzido do valor das contas de luz do município.
Dessa maneira, à prefeitura cabe o pagamento a cada produtor pela energia gerada. A estimativa é que os produtores envolvidos recebam de R$ 900 a R$ 5 mil, a depender da quantidade de biogás produzida por cada um.
O procedimento utilizado é o da micro e minigeração distribuída, regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Por esse modelo, o consumidor pode produzir a própria energia, a exemplo do uso de painéis solares e do uso de biogás, e depois injetar na rede de distribuição.
A diferença é que no modelo de Entre Rios do Oeste a prefeitura remunera os produtores pela produção do biogás, ou seja, uma conta simples mostra quanto cada metro cúbico de biogás gera em termos de energia elétrica, o que possibilita cada produtor saber quanto vai receber por sua produção.
“Cada produtor produz o seu biogás e vende o seu biogás. Todo esse gás é coletado por uma rede de gasodutos que passa para a minicentral e lá se produz energia elétrica. A energia gerada vai abater cerca de R$ 80 a 100 mil reais por mês das contas do município”.
Como a iniciativa de gerar energia com suínos surgiu?
A iniciativa de produzir energia elétrica a partir de biogás gerado por dejetos de suínos começou em 2016.
No total, foram investidos R$ 17 milhões na construção de 22 km de gasodutos e da usina. Os custos com a instalação dos biodigestores foram arcados pelos produtores rurais.
Além disso, também é possível produzir biogás com dejetos de outros animais e com matéria-prima vegetal, como a cana de açúcar.
Galvão aponta que a região Oeste tem potencial para produzir energia a partir desse tipo de matéria prima, uma vez que o Paraná é um dos estados brasileiros com as maiores criações de suínos e também de aves.
A previsão é que o projeto seja instalado em outras cidades do estado.