Putin lamenta colapso soviético como morte da "Rússia histórica"
Por Andrew Osborn e Andrey Ostroukh
MOSCOU (Reuters) – O presidente Vladimir Putin lamentou neste domingo o colapso da União Soviética três décadas atrás como a morte do que chamou de “Rússia histórica”, e disse que a crise econômica que se seguiu foi tão ruim que ele foi forçado a trabalhar como motorista de táxi à noite.
Os comentários de Putin, feitos à TV estatal, provavelmente vão alimentar mais especulações sobre suas intenções quanto à política externa por parte de seus críticos, que o acusam de planejar recriar a União Soviética e contemplar um ataque à Ucrânia, uma visão de que o Kremlin tem minimizado como fomentadora de medo.
“Foi a desintegração da Rússia histórica sob o nome de União Soviética”, disse Putin sobre o rompimento de 1991, em comentários exibidos pela TV estatal neste domingo em um documentário chamado “Rússia. Nova História”, informou a agencia de notícias estatal russa, RIA.
Putin, que trabalhou na KGB durante a era soviética, já chamou o colapso da União Soviética de “a maior catástrofe geopolítica” do século 20, mas seus novos comentários mostram que viu o acontecimento especialmente como um revés para o poder russo.
A Ucrânia era uma das 15 repúblicas soviéticas e Putin usou um artigo de mais de 5.000 palavras publicado no site do Kremlin este ano para ressaltar porque acredita que a vizinha da Rússia e seu povo são parte integral da história e cultura russas. Esta visão foi rejeitada por Kiev como uma versão simplificada da história, com viés político.
O Ocidente acusa a Rússia de arregimentar dezenas de milhares de soldados perto da Ucrânia, em preparação a um possível ataque que poderia ocorrer em janeiro, e o Grupo das Sete democracias mais ricas do mundo alertou Moscou neste domingo para as severas consequências e grandes custos de um ataque à Ucrânia.