Secretário de Saúde dos EUA ataca resposta da China à pandemia durante visita a Taiwan

Publicado em 11 ago 2020, às 10h36. Atualizado às 10h41.

Por Yimou Lee

TAIPÉ (Reuters) – O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, atacou a resposta da China à pandemia de coronavírus nesta terça-feira e disse que, se um surto parecido surgisse em Taiwan ou nos EUA, ele teria sido “facilmente sufocado”.

O governo do presidente norte-americano, Donald Trump, criticou Pequim várias vezes por, segundo ele, tentar esconder o surto de coronavírus, inicialmente identificado na cidade chinesa de Wuhan, no fim do ano passado, e, ainda na visão dele, prevaricar o compartilhamento de informações. A China nega com irritação as acusações.

“O Partido Comunista Chinês teve a chance de alertar o mundo e trabalhar com o mundo na luta contra o vírus. Mas eles escolheram não fazer isso e os custos dessa escolha crescem todos os dias”, disse Azar, em Taipei, capital da autônoma Taiwan, ilha que a China reivindica como sua.

À medida em que o vírus surgia, a China não cumpriu suas “vinculantes” obrigações internacionais, em traição ao espírito cooperativo necessário para a saúde global, acrescentou, usando uma máscara, como fez em todos seus eventos públicos em Taiwan.

“Acredito que não é exagero dizer que, se o vírus tivesse surgido em um lugar como Taiwan ou nos Estados Unidos, poderia ter sido sufocado facilmente; rapidamente relatado às autoridades de saúde pública, que teriam compartilhado o que sabiam com profissionais de saúde e com o público em geral”, disse Azar.

“Em vez disso, Pequim parece ter resistido a compartilhar informações, amordaçando médicos que falavam e prejudicando a capacidade de resposta do mundo.”

Os Estados Unidos têm o maior número de infecções e mortes por coronavírus no mundo, e Trump recebe severas críticas em seu país por não lidar com o que ele chama de “vírus chinês” com a seriedade necessária.

Taiwan foi elogiado por especialistas em saúde pelas medidas antecipadas e eficientes que tomou para controlar o surto, chegado a apenas 480 infecções, incluindo sete mortes.

Azar chegou a Taiwan no domingo, a autoridade de mais alto escalão dos EUA a visitar a ilha em quatro décadas, em uma viagem que foi condenada pela China.

A China considera Taiwan uma província separatista e prometeu colocá-la sob seu domínio, à força, se necessário.

Jatos chineses cruzaram brevemente a linha mediana do Estreito de Taiwan, na segunda-feira, e foram rastreados por mísseis antiaéreos de Taiwan, parte do que Taipei vê como um padrão de assédio de Pequim.

Washington quebrou laços oficiais com Taipei, em 1979, a favor de Pequim, mas ainda é o principal fornecedor de armas de Taiwan. A administração Trump tomou como prioridade reforçar seu apoio à ilha democrática, enquanto as relações com a China se enfraquecem por assuntos como direitos humanos, a pandemia, Hong Kong e comércio.

Azar disse que o mundo deveria reconhecer os feitos de Taiwan na saúde e não tentar empurrá-lo para fora, pontuando a exclusão de Taiwan da Organização Mundial de Saúde (OMS) devido às objeções da China.

“Este comportamento está de acordo com a abordagem de Pequim para a OMS e outras organizações internacionais. A influência da PRC (sigla em inglês de República Popular da China) supera em muito seu investimento nesta instituição de saúde pública – e não usa sua influência para avançar objetivos de saúde pública, mas seus próprios e estreitos interesses políticos.”

Tanto a China quanto a OMS dizem que Taiwan recebeu a ajuda que precisava durante a pandemia, o que Taiwan contesta.

(Reportagem de Yimou Lee)

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES

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