Unasul quer julgamento justo para Lugo e envia chanceleres ao Paraguai

Os presidentes dos países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) decidiram enviar, na noite de desta quinta-feira (21), missão de chanceleres da região ao Paraguai. O objetivo é garantir o respeito à ordem democrática, o julgamento justo e o direito de defesa no processo que pode levar ao impeachment do presidente paraguaio, Fernando Lugo. A decisão foi anunciada, há pouco, no Rio, pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

“Os presidentes expressaram sua convicção de que se deve preeservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática do Paraguai, observado o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurado o direito de defesa no devido processo”, disse Patriota, que integrará a missão de chanceleres.

Em seguida, Patriota acrescentou: “os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram com muito esforço a democracia e nesse sentido nós todos devemos ser defensores extremados da integridade democrática na América do Sul”.

Ao menos cinco ministros paraguaios já renunciaram aos cargos após a Câmara dos Deputados ter aprovado, nesta quinta-feira (21), por 76 votos a 1, o pedido de impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Segundo a imprensa paraguaia, todos são filiados ao Partido Liberal, que se somou aos parlamentares favoráveis à abertura do processo político contra o presidente. Os cinco ministros que já confirmaram o pedido de demissão são ligados ao vice-presidente Frederico Franco, também do Partido Liberal, que assumirá a presidência caso o impeachment seja confirmado. Os deputados responsabilizam o presidente Lugo pelos conflitos em uma fazenda no Nordeste do país que matou 17 pessoas, entre camponeses e policiais.

Os chanceleres querem acompanhar de perto o início do processo que pode levar ao impeachment de Lugo por temerem o uso político da situação e a possível falta espaço para a defesa do presidente. O início do processo de julgamento de Lugo ocorreu nesta quinta-feira depois que a Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou a abertura da ação de impeachment.

A abertura do processo contra Lugo motivou uma reunião extraordinária, no intervalo da sessão da Conferência das Nações  Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A presidenta Dilma Rousseff, todos os presidentes sul-americanos e os chanceleres da região presentes ao evento participaram da reunião.